Obediência e resignação

Inny Buch


Quando lemos em o Evangelho segundo o Espiritismo, no cap IX item 08, que a obediência é o consentimento da razão, fica claro à criatura que não se trata de uma obediência cega, em que possa ser jogada a responsabilidade nas mãos de outrem, com a clara desculpa que ele pediu e eu só estou sendo obediente, sem realmente me responsabilizar pelo próprio ato feito.

Ou algo bem comum entre os espíritas: acreditar em qualquer espírito que se se manifeste, só por ser espírito, condicionando-se a uma obediência muitas vezes totalmente descabida.

Consentimento da razão significa estar cônscio dos deveres que nos competem como filhos de Deus e como seres imortais. É estar comprometido com suas próprias atitudes. Obedecer deve ser uma virtude ativa

Como espíritos em aprendizado dentro da experiência humana, carregamos em nós muitos instintos ainda mal direcionados, atavismos não trabalhados, preconceitos ainda não superados. Isto nos traz certa dificuldade em lidarmos com o orgulho e o egoísmo.

Dificuldade em aceitar, por exemplo, os próprios erros e a condição de responder por eles. Achamos mais fácil e mais cômodo obedecer aos atavismos e preconceitos.

Mas a Lei de Deus está inscrita em nossa consciência, como nos alertam os espíritos na questão 621 do Livro dos Espíritos. Portanto, é preciso dar mais atenção às intuições para conscientemente agir conforme esta percepção.

Pode-se dizer: “ Muitas vezes, eu não sei, como agir ”, ou mesmo “ Não sei que posição tomar ”, ou ainda “ A que lado obedecer já que muitas são as opções.”

Chegou a hora de se acalmar, pedir ajuda aos amigos encarnados e desencarnados e então obedecer ao bom senso e a razão, pois, por fim, será sempre entre a criatura e sua própria consciência.

Emmanuel dia em Vinha de Luz, 113, p.235 : “O problema do aprendiz do Cristo não é o de conquistar feriados celestes, mas o de atender aos serviços ativos, a que foi convocado, em qualquer lugar, situação, idade e tempo. Se recebeste a luz do Senhor, meu amigo, vai servir ao mestre junto dos teus, dos que se prendem à tua caminhada.”

Ou seja, fomos convocados a darmos o melhor de nós junto às pessoas com as quais convivemos: família, amigos, conhecidos do trabalho da comunidade, enfim todos. Seja lá onde estivermos colocados , seja lá qual a profissão, status , credo, raça, ou idioma na qual vivemos nesta encarnação.

 

Resignação

Se obediência é o consentimento da razão, a Resignação, dizem os espíritos no mesmo capítulo do Evangelho segundo Espiritismo é o consentimento do coração, significando que a criatura, amorosamente, humildemente, compreende e aceita a situação que a vida propôs para ela.

E, da mesma forma, que obedecer não deverá ser ato cego. Resignação também não significa “cruzar os braços”, ou uma aceitação passiva. Também é uma virtude ativa.

A criatura não se entrega a uma atitude contemplativa dos fatos, ou a uma aceitação dos sofrimentos, das amarguras, prostrando-se por terra e deixando que a vida a leve de roldão, sem uma luta para um reerguimento.

Ao contrário, resignação deve levar a interpretação do sofrimento para que este lhe sirva de estímulo à auto-educação. Mas, para tanto, é necessário o conhecimento das reencarnações, a compreensão de que Deus não castiga nem premia, que ninguém sofre por erros de outrem, se neles não teve participação direta ou indiretamente.

 

Somente com este entendimento, a resignação e o propósito de reparação vão atenuar os sofrimentos e fortalecer a alma nas provações.

A resignação compreende que a dor é uma advertência. É um chamamento. É um alerta, de que algo está em desequilíbrio. E é neste enfoque que vamos encontrar a causa de uma aceitação dos reveses da vida sem revoltas, sem raiva, a procura de uma solução positiva para a situação.

Obediência e resignação, traços indeléveis do espírito que soube colocar a sua total confiança no Poder Maior, entendendo as palavras que Jesus disse a Pedro, referindo-se a João : “ Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti ? Segue-me tu.”

Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião da Casa Espírita Nova Era.


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