Um dia com José Lopez, monitor de água, saneamento e higiene do UNICEF
“Quando comecei a trabalhar no abrigo, fizemos uma assembleia com a comunidade. A primeira missão que recebi foi melhorar a situação da lavanderia. Perguntei quem poderia me ajudar e várias pessoas se voluntariaram. A coordenação do abrigo disse que tínhamos alguns sacos de cimento, mas não areia. Observei que havia uma obra em frente ao abrigo. Fomos até lá, explicamos do que precisávamos e eles nos autorizaram a usar o que fosse necessário. Quando chamei de novo as pessoas, só três apareceram e começamos a trabalhar. Os outros moradores ficaram de olho.
Na atividade seguinte, tínhamos que melhorar os banheiros. Perguntei quem queria me ajudar – porque o trabalho é voluntário – e, então, muitas pessoas já queriam colaborar. Começamos a fazer plantões de 10 em 10 pessoas e a coisa começou a andar. Gosto de trabalhar assim, ganhar respeito fazendo coisas, não falando que vou fazer”.
O relato acima diz muito sobre o venezuelano José Lopez, de 21 anos. Migrante como outros 103 mil venezuelanos que deixaram a terra natal e vieram para o Brasil, José descobriu em Roraima a paixão por ajudar pessoas.

Atualmente o jovem trabalha como monitor de água, saneamento e higiene (WASH, na sigla em inglês) do UNICEF e de sua parceira ADRA Brasil em um abrigo para imigrantes venezuelanos em Roraima. Para entender um pouco mais sobre o trabalho que ele e outros nove monitores de WASH estão fazendo em Roraima, passamos um dia com José, acompanhando a rotina no abrigo.

Entre as atividades dos monitores, está o acompanhamento periódico da qualidade da água que chega aos abrigos. Há, também, a coordenação de comitês de WASH responsáveis pela higienização dos espaços públicos e pela manutenção de bebedouros.

A mobilização da comunidade para assembleias e atividades educativas também fazem parte do dia a dia de José.
A educação é a parte mais importante do meu trabalho. Sempre falo nas reuniões de WASH: A gente pode arrumar muita coisa nas instalações e na estrutura dos abrigos, mas, se não alcançar a mente e o coração das pessoas, não teremos nada, não vamos conseguir nada.

É com vontade que José trabalha para melhorar a vida dos migrantes abrigados. O jovem hoje vive em uma casa alugada, mas, quando chegou ao Brasil, passou uma semana dormindo na rua e alguns meses vivendo em um abrigo só para homens. Quem o ouve falando sobre sistema de esgoto e escoamento de água, sobre nível de cloro e sobre a importância da higiene para evitar a transmissão de doenças não imagina que, quando ainda estava na Venezuela, José estudava administração. Foi nas capacitações realizadas pelo UNICEF que ele aprendeu sobre WASH.

Não existe coisa melhor do que você ter um trabalho e fazer o que você gosta. E eu gosto muito deste trabalho porque, além de WASH, a gente ajuda no que pode.
Além disso, eu sou um cara que gosta de aprender e a pessoa pode aprender qualquer coisa. A oportunidade aparece e você pega.

Sem dúvida, o verbo que define José é ‘vontade’. Vontade de buscar e construir uma vida melhor, de aprender, de se mostrar e ser capaz, de ajudar o próximo durante o seu percurso e de impactar a vida de quem passa pelo seu caminho.
O trabalho de WASH do UNICEF e seus parceiros é possível graças a doações do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA); Escritório de População, Refugiados e Imigrantes dos Estados Unidos (BPRM/USA); Global – Água, Saneamento e Higiene; e do Global – Thematic Humanitarian
Publicado originalmente: https://www.unicef.org
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