Desafios da Educação no Século XXI
Rose Mary Grebe – Notas da palesta de 04/02/2019
É praticamente geral a ideia que temos que viver em sociedade e a cooperação acontece entre as pessoas, ainda que muitos neguem isto. Em nossa vida atual a solidariedade é fundamental para que sobrevivamos. Basta pensarmos um pouco sobre os caminhos por que passaram os nossos alimentos, vestuário, todos os nossos bens de consumo. Se antigamente alguém poderia viver isoladamente, hoje não é mais possível. Nenhum ser humano possui todas as capacitações para suprir as necessidades. Além disso, estamos inseridos em uma lei de Deus que é a de SOCIEDADE.
Carlos Toledo Rizzinni, no livro Evolução para o Terceiro Milênio esclarece:
“Desde o nascimento, a sociedade exerce pressão no sentido de que certos tipos de comportamento, admitidos como melhores, sejam acatados. Ela define implicitamente os valores, as normas de vida, os traços de caráter, motivos, etc, que a criança deverá assimilar e robustecer para apresentar um comportamento razoável.”
Então é esta sociedade, formada por todos nós, quem dita um modelo para que as crianças sejam criadas e educadas. Portanto, precisamos pensar sobre algumas questões referentes à nossa criança, que influenciarão na sua educação de forma geral e por toda vida.
# A criança é um ser reencarnado; isso pressupõe individualidade e o entendimento de que esse ser não é uma tábula rasa. Ela já viveu muitas experiências; traz consigo boas e más tendências como herança de suas vidas passadas
Todos os dias fazemos a constatação de que:
# As crianças que nascem são muito diferentes- é notório a inteligência das nossas crianças. Muitas vezes, quando as vemos com um celular, ficamos de boca aberta, “onde ela aprendeu tudo isso?” Muitas perguntas que fazem, nem sabemos responder. Tempos atrás os pais e o professor é que sabiam tudo.
# Nós vivemos num mundo de tecnologia – ninguém pode dizer que vive sem as tecnologias da atualidade. E as nossas crianças, desde bebê, estão expostas a isso também. Vamos fazer uma “mea culpa”: a televisão muitas vezes é utilizada como babás.
A criança da atualidade é aquela que detém muitas informações, muitos sons e muitas cores em seus registros. Todos que temos crianças por perto como filhos, netos, sobrinhos, alunos, sabem as dificuldades de se educar nos dias atuais. Professores passam por sérias dificuldades e todos sabemos o que tem acontecido nas escolas, pois os jornais escancaram tudo. Percebemos um desrespeito às instituições, públicas ou privadas.
As crianças de que estamos falando são as da geração ALPHA nascidas a partir de 2010. Esta geração, de acordo com estudos, é formada por pessoas muito mais independentes e com um potencial muito maior de resolver problemas do que seus pais e avós. Se por um lado têm facilidade para certas áreas, quando se trata de usar a rapidez do pensamento, para outras que exigem concentração e seriedade, aparecem as dificuldades. Daí temos educar no tocando do uso disciplinado destas novas tecnologias, sem exageros.
Buscamos no Livros dos Espíritos uma questão que sendo antecedente a este tempo, concorda plenamente com estes estudos.
379. O Espírito que anima o corpo de uma criança é tão desenvolvido quanto o de um adulto?
— Pode mesmo ser mais, se ele mais progrediu, pois são apenas os
órgãos imperfeitos que o impedem de se manifestar. Age de acordo com o instrumento de que se serve.
O conhecido Psiquiatra Augusto Cury tem dado grande contribuição sobre este tema. Inclusive definindo o que tem acontecido a esta geração. Ele diz que nossas crianças sofrem de Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA): “Quem tem SPA não consegue gerenciar os pensamentos plenamente, não consegue tranquilizar sua mente. O maior vilão da qualidade de vida do homem moderno não é seu trabalho, nem a competição, a carga horária excessiva ou as pressões sociais, mas o excesso de pensamentos.”
E então são estas as crianças que estão sob nossa responsabilidade que deveremos preparar para tudo o que estamos vendo e vivendo. Daí a educação não poder ser mais a mesma nem a instrução que é feita pela escola.
Nossa primeira escola é o lar, que nos dias atuais se apresenta sob diversas configurações familiares. É deste lar que deverá sair a educação para esse “serzinho”, que o influenciará para a vida. O primeiro gesto educativo é o exemplo, mais do que mil palavras. A família precisa ter valores morais consolidados, para que possa mostrar aos seus. Esses valores serão de acordo com o que queremos para o futuro. As crianças da atualidade necessitam de explicações, não podemos mais dizer “faça porque eu mandei”.
Esses pequenos seres, ainda que muito experientes precisam ser cuidados. Thereza de Brito nos fala:
“Cada criança é um Espírito inteiro, integral, com delicado circuito capacitado a assimilar toda e qualquer informação que se lhe traga, sem qualquer análise ou seleção, uma vez que o seu mundo psíquico não se acha ainda em condições para discernir com profundidade.” (Vereda Familiar, Raul Teixeira. P. 69)
O Pediatra José Martins Filho, Presidente da Academia Brasileira de Pediatria faz a seguinte constatação:
“As crianças de hoje são as que foram menos acalentadas na história e têm necessidade e carência afetiva por falta de colo e de presença. Os trabalhos mostram que elas tendem a apresentar muito mais problemas de desenvolvimento, problemas escolares, agressividade e na idade adulta, muitas vezes fenômenos psicoemocionais e biológicos causados por essa forma nova de cuidar”.
Nesta nossa missão de pais e educadores nos cabe dar limites: toda criança deve ser criada sabendo quais são os seus limites. Precisamos ter a mais absoluta certeza de que os limites que não dermos, a sociedade dará, de uma forma sempre dolorosa. Talvez não nos demos conta, mas isto interferirá não só na infância, mas por toda uma vida. A este respeito nos alerta Maria Luísa Ferrerós:
“ Se não o ensinarmos a respeitar normas de convivência com pessoas que mais o amam neste mundo, que são seus pais, quando for mais velho, ele não saberá se fazer respeitar pelos outros, não saberá como interpretar as ações dos demais e se deixará pisar por seus amigos, seus chefes, parceiros, etc.”… (Como Educar seu filho com limites e amor.)
A Psicóloga Juliana Morillo assevera:
Uma criança sem limites…
… cresce insegura.
… não aprende a confiar em si mesma
… acha que pode tudo.
… não consegue lidar com as frustrações naturais da vida.
… tem baixa autoestima.
A escola precisa se preparar para esta sociedade que mudou. Seus desafios são grandes. Não é mais possível uma escola do passado. Digo isto com tristeza, porque parece que tudo a nossa volta mudou, menos a escola. Aqui incluo as públicas e particulares.
Para refletir:
- A internet e todas as novas tecnologias que surgem a todo o momento são ferramentas neutras e o seu uso depende de nós.
- Professores desafiadores, que aproveitam os conhecimentos dos alunos para seguir em frente.
- Fazer o aluno pensar; não se pode mais dar um quadro ou páginas de conteúdo para que o aluno devolva no dia da prova.
- Postura de autoridade, sem ser autoritário.
- Conteúdos significativos. O aluno precisa saber porque vai aprender tal conteúdo.
- Sensibilidade e empatia. Muitos alunos trazem situações tão sérias como: violência doméstica, fome, violência infantil…
Referências Bibliográficas
1. RIZZINI, Carlos Toledo. Evolução para o Terceiro Milênio. 18 Ed. Sobradinho: DF. Editora Edicel, 2009.
2. BRITO, Thereza de. Vereda familiar.5 ed. Niteroi. RJ: Frater, 2004.
3. FERRERÓS, Maria Luisa. Como Educar seu filho com limites e amor.
4. KARDEC, Allan. Livro dos Espíritos. Tradução de José Herculano Pires. 66ed. São Paulo. Lake, 2006.
5. Artigos retirados da Internet.