A nova geração: crianças do século XXI e seus talentos 

Palestra sobre o tema.

Rose Mary Grebe

Nos últimos anos, as mudanças vêm se tornando cada vez mais rápidas e profundas. Isso está ligado aos avanços tecnológicos que influenciam diretamente nossos filhos, que antes mesmo de andar já estão conectados e interagindo com aparelhos digitais.

Como compreender e educar essas crianças, que chegam a um mundo já tão diferente do que conhecemos quando pequenos?

Temos uma geração muito diferente do que foram seus pais. Aí está a geração Alpha, termo usado pelo australiano Mark McCrindle, para designar a nova geração de crianças nascidas a partir de 2010. Esta geração, de acordo com o sociólogo, é determinada por pessoas muito mais independentes e com um potencial muito maior de resolver problemas do que seus pais e avós. Acreditam os estudiosos que são mais inteligentes.

E aí nos pegamos dizendo: “No meu tempo não era assim.”

Como é o perfil desta geração?

Esta geração iPad interage com o mundo através da tecnologia praticamente desde o nascimento. Sentem-se mais confortáveis “navegando’ ou falando com assistente de voz do que a maioria dos adultos. Uma outra característica é ter nascido em núcleos familiares menores, muitas vezes são filhos únicos.

Os Alphas valorizam, de modo geral, muito mais as experiências do que objetos. Querem inventar e interagir e se conectar sempre. A tecnologia, as múltiplas telas e a conexão 100% do tempo faz com que os Alphas sejam bombardeados com estímulos visuais, sonoros e interativos em qualquer lugar e momento. Isso gera uma aceleração no desenvolvimento de certas habilidades, como fazer mais de uma tarefa ao mesmo tempo e estabelecer conexões entre diferentes assuntos, mas por outro lado pode prejudicar outras capacidades, como a concentração e a paciência.

 

Esta geração tem os pais mais participantes das funções da casa e da criação dos filhos, trazendo uma nova referência de paternidade que influencia o comportamento dos meninos. Estas crianças têm resposta pra tudo. É só perguntar ao GOOGLE. Para as nossas crenças, os mais velhos eram os detentores do saber. Mas, buscando Kardec, temos uma resposta para isso.

Recorremos a Kardec para entendermos um pouco mais.

379. O Espírito que anima o corpo de uma criança é tão desenvolvido quanto o de um adulto?

— Pode mesmo ser mais, se ele mais progrediu, pois são apenas os  órgãos imperfeitos que o impedem de se manifestar. Age de acordo com o instrumento de que se serve.

Quem se relaciona com crianças nesta faixa etária muitas vezes se depara com reflexões e opiniões que surpreendem. Os adultos percebem claramente que elas têm algo de diferente da sua geração, sejam características que são mais desenvolvidas intelectualmente ou com mais traquejo social.

 

Nossa, então estamos vivendo um mundo encantado. Errado.

Algo de muito sério está acontecendo, estamos vendo crianças sem limites, sempre insatisfeitas, e o pior, infelizes, quando se diz para brincarem, dizem que não tem o que fazer.

E existe um propósito para passarmos pela infância, uma vez que nada do que Deus fez é inútil. E a esse respeito Kardec também pergunta os Espíritos da codificação:

383. Qual é, para o Espírito, a utilidade de passar pela infância?

— Encarnando-se com o fim de se aperfeiçoar, o Espírito é mais acessível durante esse tempo às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados da sua educação.

Pesquisas têm mostrado um quadro muito triste das nossas crianças; estudiosos da área psicológica, psiquiátrica, pediátrica, psicopedagogos, entre outros nos dizem que:

“Mais do que infelizes, as crianças brasileiras também estão ansiosas, estressadas, deprimidas e sobrecarregadas. Elas estão desconfortáveis com a infância. Esse desconforto aparece de várias formas: com irritabilidade, desatenção, tristeza e falta de ânimo. Muitas vezes, é um comportamento incomum em relação à idade delas”.

(Ivete Gattás, coordenadora da Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Alguns dados nos têm preocupado, pois é o que vemos em nosso dia a dia:

  • A impressão que eu tenho é a de que o número de crianças com queixas comportamentais cresceu muito nesses últimos dez anos; (Saul Cypel- Pediatra)
  • Queixas sobre o comportamento infantil correspondiam, 20% dos pacientes, agora, 85% do total de seu consultório; de neurologia. (Saul Cypel- Pediatra)
  • Com uma agenda recheada de atividades extracurriculares, que vão desde aulas de idiomas como inglês e mandarim até as aulas clássicas como balé e futebol, as crianças estão sem tempo para se divertir e descansar, acreditam os médicos;
  • Segundo Cypel, a antecipação de atividades para as quais o indivíduo não está preparado pode desencadear o stress tóxico, trazendo prejuízos futuros para as crianças;
  • A Academia Americana de Pediatria lançou um documento que chama a atenção para as evidências de impactos negativos do stress tóxico, com prejuízos posteriores para a aprendizagem, comportamento, desenvolvimento físico e mental. O relatório também sugere que parte dos problemas mentais que ocorrem nos adultos devem ser vistas como transtornos de desenvolvimento que tiveram início na infância.

O que fazer ?

Talvez os talentos estejam sendo desperdiçados…

Como constatado por muitos, existem talentos, e o principal, um grande desenvolvimento da inteligência, conquista do Espírito.

Como já falado na questão 383. (o Espírito é mais acessível durante esse tempo às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados da sua educação.)

O recado é para todos nós que de alguma forma interagimos com as crianças, por isso uma grande responsabilidade está sob nossos ombros. É preciso cuidar dos talentos dando uma educação que faça nossas crianças evoluírem, não só intelectualmente. É por isso que são tão desasadas.

  • ·Toda criança deve ser criada sabendo quais são os seus limites. Precisamos ter a mais absoluta certeza de que os limites que não dermos, a sociedade dará, de uma forma sempre dolorosa. Talvez não nos demos conta, mas isto interferirá não só na infância, mas por toda uma vida. (Maria Luísa Ferrerós) (Como Educar seu filho com limites e amor.)
  • Mesmo que seja importante que as crianças tenham acesso à tecnologia é essencial oferecer o contato com o mundo real, por meio dos relacionamentos. É assim que ela vai aprender a respeitar o próximo, sentir empatia e saber lidar com os próprios sentimentos. ( psicóloga Rima Awada Zahra)
  • Nossas crianças têm falta de uma Religião.
  • Sejamos ídolos de nossos filhos.
  • Constatou-se que as crianças Alphas reconhecem os pais como seus maiores ídolos – mais do que qualquer super-herói ou Youtuber famoso. Isso mostra que mesmo as atividades mais corriqueiras, como brincar ou jantar juntos, são oportunidades valiosas. O tempo em família gera vínculo afetivo em uma época de poucas conexões fora das telas, dando suporte importante para o desenvolvimento emocional das crianças.

Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião da Casa Espírita Nova Era.


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