As bestas do apocalipse

Luiz Sergio Cunha

Diz a bíblia, no livro do Apocalipse, escrito por João, que no fim das eras, quatro cavaleiros percorrerão a terra espalhando seus flagelos.

O primeiro cavaleiro, montado num cavalo branco, se chama conquista.

O segundo cavaleiro, montando um cavalo vermelho cor de fogo, se chama peste.

O terceiro cavaleiro, montando um cavalo preto, se chama fome.

O quarto cavaleiro, montando um cavalo amarelo esverdeado, se chama morte.

Algumas religiões pregam ainda que no fim das eras todos os homens, mulheres e crianças que aqui viveram, ressuscitarão e sob o tribunal do juízo final serão julgados de acordo com a conduta moral que exerceram durante suas vidas; daí resultando as penas de punição ou de premiação para cada indivíduo, as quais serão para todo e sempre.

Nos preceitos espíritas, as ações por nós aqui praticadas, decorrentes do falho senso moral exercido, por estar em desacordo com as leis divinas, devem ser reconhecidas por seus transgressores, para assim originarem um processo individual e sincero de arrependimento, que será o ponto de partida para correção dos mesmos, os quais serão postos a prova, através de uma nova oportunidade reencarnatória.

Não há no espiritismo os cavaleiros do apocalípse, mas sim bestas que seduzem, subjugam e fascinam os espíritos, encarnados ou não, de forma transitória ou permanente, as quais podem ser combatidas e vencidas através de atitudes e comportamentos morais adequadamente saneadores.

A besta chamada orgulho, pensa ser a mais brilhante do universo.

Mas, eis que no seu dorso se encastela uma discreta amazonas, chamada humildade, que com seu jeito comedido, com a força de sua simplicidade, sem uso de brindões, antolhos, esporas ou chicote, amansa e doma a besta orgulho.
A besta chamada egoísmo, pensa ser o centro do universo.

Mas, eis que no seu dorso se encastela uma anônima amazonas, chamada caridade, que com seu jeito perseverante, com a força de sua bondade, sem uso de brindões, antolhos, esporas ou chicote, amansa e doma a besta egoísmo.

A besta chamada vaidade, pensa ser a mais bela do universo.

Mas, eis que no seu dorso se encastela uma sóbria amazonas, chamada simplicidade, que com seu jeito elegante, com a força de sua naturalidade, sem uso de brindões, antolhos, esporas ou chicote, amansa e doma a besta vaidade.

A besta chamada falsidade, pensa ser a mais esperta do universo.

Mas eis que no seu dorso se encastela uma cristalina amazonas, chamada verdade, que com seu jeito franco, com a força de sua lealdade, sem uso de brindões, antolhos, esporas ou chicote, amansa e doma a besta falsidade.

A besta chamada ódio, pensa ser a mais possessa do universo.

Mas, eis que no seu dorso se encastela uma tranquila amazonas, chamada ternura, que com seu jeito carinhoso, com a força de sua candura, sem uso de brindões, antolhos, esporas ou chicote, amansa e doma a besta ódio.

Existem outras bestas e, infelizmente, muitas delas, ativas ou em estado de hibernação, residem no interior dos homens, mas devemos nos regozijar porque outras tantas amazonas também residem nesses interiores.

Pena que muitos de nós, não permitam que suas amazonas interiores efetuem suas domas.

07.2008

Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião da Casa Espírita Nova Era.


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