Camille Flammarion : Saudemos o mais polêmico dos espíritas

Jáder dos Reis Sampaio  | Trabalho apresentado no grupo de estudos da Associação Espírita Célia Xavier em 25/04/98 e enviado para o Antonio Leite (GEAE).

“O corpo passa. A alma vive no infinito e na eternidade.”

Jáder dos Reis Sampaio

Trabalho apresentado no grupo de estudos da Associação Espírita Célia Xavier em 25/04/98 e enviado para o Antonio Leite (GEAE).

Pesquisa icnográfica: Portal Nova Era

Introdução[1]

Dos ilustres freqüentadores da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, contemporâneos a Kardec, o mais polêmico é o jovem astrônomo Camille Flammarion.

Sua obra e suas convicções influenciaram a geração que sucedeu ao codificador, na França e no Brasil, e tornaram-se a base da Metapsíquica nascente.

As obras sobre a vida de Flammarion são raras. Na nossa língua encontramos pequenas biografias de poucas páginas, há algumas resenhas sobre seus livros de temática espírita na “Revue Spirite” publicada por Allan Kardec, seu discurso no túmulo de Allan Kardec, publicado pela FEB em “Obras Póstumas” e os dados biográficos inseridos nos três livros “Allan Kardec” de Zêus Wantuil. As principais fontes deste trabalho, entretanto, devemos à gentileza de Alexandre Rocha, e são o livro autobiográfico “Memórias Biográficas e Filosóficas de um Astrônomo”, escrito no início do século XX, onde Flammarion relata sua infância, seu contato com o Espiritismo, suas atividades e produção relativas à astronomia. Outro documento também relevante foi um fragmento de um discurso pronunciado por Flammarion em 1923, na British Society for Psychical Research.

Infância

Nicolas Camille Flammarion foi o filho primogênito de um casal de comerciantes de tapeçarias que viviam em Montigni-Le-Roi, região leste da França. Veio à luz aos vinte e seis dias de fevereiro de 1842.

Desde o nascimento os pais (especialmente a mãe) lhe reservaram um “destino intelectual”. A mãe não deixava que o pequeno Nicolas brincasse com as crianças do povo. Aos quatro anos ele lia, aos quatro anos e meio escrevia, aos cinco anos iniciava os estudos de gramática e aritmética e aos seis iniciava-se na escola, onde escrevia com penas de pato.

Os pais de Flammarion tiveram mais três filhos, Berthe Martin, Ernest e Marie Valliant. Ernest Flammarion tornou-se dono de uma livraria e editora que publicou (e ainda publica) algumas das obras do irmão. A família parece ter-se envolvido no projeto dos pais, visto que no centenário da publicação do seu laureado “Astronomia Popular”, a editora de Ernest Flammarion lançou a público uma edição comemorativa.

Etienne-Jules, pai de Flammarion, era cético em assuntos de religião, mas sua mãe, Françoise Lomou era católica praticante e levava os filhos todos os domingos à igreja. Ela acreditava que o filho pudesse se dedicar à vida eclesiástica. Certa feita, Etienne Jules trouxe a seu filho um livro de Cosmografia que o pequeno copiou, especialmente os sistemas de Ptolomeu, Copérnico e Tycho-Brahe.

Aos nove anos de idade, Flammarion iniciou seus estudos de latim. Realizou seus estudos clássicos na cidade de Langres, em uma escola católica que foi responsável por seus sólidos conhecimentos em humanidades.

Após uma epidemia de cólera, seus pais passaram dificuldades financeiras e foram para Paris. Flammarion mudou-se em setembro de 1856. Para se manter ele trabalhou como auxiliar de gravador e passou a estudar na Associação Politécnica de Paris em cursos gratuitos, onde aprendeu melhor as matemáticas que eram pouco enfatizadas no seu curso clássico. Ele trabalhava cerva de 15 a 16 horas diariamente. Aos domingos Flammarion estudava as disciplinas que despertavam seu interesse, como a frenologia, a fisiognomia e os sistemas de Laváter, Gall e Spurzheim.

Cartão postal selo com referências a Camille Flammarion

O primeiro contato de Flammarion com a doutrina dos espíritos se deu em uma livraria, onde ele teve acesso a “O Livro dos Espíritos” (1861). Ao folhear o livro o astrônomo constatou que ele tratava, entre outros, do assunto do livro que ele estava escrevendo: Pluralidade dos Mundos Habitados. O que mais o intrigava é que a origem das informações esta atribuída a espíritos, o que ele resolveu verificar.


Flammarion – Astrônomo 

Seu interesse pelos livros veio desde os tenros anos da infância. Aos oito anos Flammarion já possuía uma biblioteca de 50 volumes.

Aos 15 anos Flammarion escreveu um livro de cerca de 500 páginas, que ele próprio ilustrou com 150 desenhos, intitulado “Cosmogonia universal: estudo do mundo primitivo”. Este trabalho seria publicado mais tarde com o título: “O mundo antes da aparição do homem.”

Com este livro em mãos, o jovem ganhou coragem e apresentou-se no Observatório de Paris, à época dirigido por Le Verrier, o astrônomo que houvera descoberto Netuno sem instrumentos, apenas usando cálculo. Após ser entrevistado e avaliado foi aceito como aluno-astrônomo.

Não nos deteremos em sua carreira de astrônomo, já que temos por objetivo focalizar sua trajetória e pensamento espíritas. Algumas informações, entretanto, se fazem úteis para que se avalie suas realizações profissionais.

Entre os tipos de atividades que realizou, Flammarion mediu estrelas duplas e realizou cálculo de suas órbitas, estudou a direção das correntes aéreas, fez estudos higrométricos do ar, analisou a rotação de corpos celestes, confeccionou mapas de Marte e escreveu trabalhos sobre a constituição física da Lua.

Analisemos suas publicações científicas e jornalísticas. Seu primeiro livro publicado foi “Pluralidade dos Mundos Habitados” (1861), seguido-se “Viagem extática às regiões lunares”, “Os mundos imaginários e os mundos reais” (1865), “As maravilhas celestes” (obra popular de divulgação da astronomia), “Estudos e leituras sobre astronomia” (1867), “Viagens aéreas” (1867), “Galerie Astronomique” (1867), “Contemplações científicas” (coletânea de escritos publicados nas revistas “Siècle”, “Magasin pittoresque” e “Cosmos” – 1870), “A atmosfera” (1871), “Astronomia Popular” (1880), “O mundo antes da criação do homem” (1885), “Os cometas, as estrelas e os planetas” (1886), “Astronomia para amadores” (1904) e “Raio e trovão” (1906).

Em “Pluralidade dos Mundos Habitados” trata do sistema solar, realiza um estudo comparativo dos planetas, discute a fisiologia dos seres a fim de abordar a questão da habitabilidade, trata de habitantes de outros mundos e da pluralidade dos mundos ante o dogma cristão. Kardec resenha este livro na Revista Espírita, ressalvando que apesar de não se tratar de livro espírita, trata de assunto que envolve uma temática tratada pelos espíritos e de um autor que então era membro da Sociedade Espírita de Paris.

São muitas as revistas que receberam suas contribuições. Em Junho de 1863, tornou-se redator científico da revista “Cosmos”, contribui nas revistas “Siècle”, “Magasin Pittoresque” e funda, em 1882, a revista “L”Astronomie”. Esta última revista continua sendo editada até os dias de hoje

O Observatório de Juvisy foi fundado por Flammarion em 1883, onde passou a realizar seus trabalhos nas áreas de astronomia, climatologia e meteorologia. Ele é visto pelos astrônomos contemporâneos como um astrônomo amador que realizou um trabalho de vulgarização da astronomia (no seu sentido de divulgação, e não no pejorativo de banalização)[2]. Esta qualificação possivelmente se deve ao fato de ele não fazer parte de nenhuma academia ou centro de pesquisa oficial, mas, certamente, não se pode qualificá-lo de amador por não publicar seus trabalhos regularmente em periódicos científicos.

 

Quatro anos depois, ele tornou-se o fundador da Sociedade Astronômica da França (Société Astronomique de France), com o objetivo de “difundir as Ciências do Universo e fazer os amadores participarem do seu progresso”, que continua vigente até os dias de hoje. Entre outras honrarias e prêmios, a Sociedade concede anualmente a “Plaquette du centenaire de Camille Flammarion”, que é uma medalha de prata e o prêmio “Gabrielle et Camille Flammarion” para trabalhos e pesquisadores que se destacam.

A Academia Francesa concedeu a Flammarion o prêmio Montyon, em 1880, por seu livro “Astronomia Popular”. Este foi um entre muitos. Nas suas memórias, o astrônomo enumera o prêmio “Ruban Violet” de oficial da instrução pública, a Grande Ordem da Cruz de Isabella Católica e a “Cruz da Grande Ordem de Carlos III”, oferecidos pelo governo espanhol. D. Pedro II, imperador do Brasil, foi pessoalmente ao observatório de Juvisy entregar-lhe a comenda da “Ordem da Rosa” e Flammarion recebeu das mãos do rei e da rainha da Romênia o título de “Grande Oficial da Estrela da Romênia”. Os títulos e honrarias parecem estender-se bastante, e são entendidos pelo beneficiário como marcos de estima e nunca como pagamentos de préstimos políticos.

Primeiros Contatos de Camille Flammarion com o Espiritismo

O primeiro contato de Flammarion com a doutrina dos espíritos se deu em uma livraria, onde ele teve acesso a “O Livro dos Espíritos” (1861). Ao folhear o livro o astrônomo constatou que ele tratava, entre outros, do assunto do livro que ele estava escrevendo: Pluralidade dos Mundos Habitados. O que mais o intrigava é que a origem das informações esta atribuída a espíritos, o que ele resolveu verificar.

Procurou Allan Kardec e passou a assistir as reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, onde exercitava-se semanalmente na “escrita automática” juntamente com outros médiuns, entre eles, o jovem Theóphile Gautier. Na Sociedade ele obteve diversas mensagens assinadas por Galileu, algumas das quais Kardec inseriu em “A Gênese”.

Flammarion frequentou, também, as sessões de uma médium de efeitos físicos, Mme. Huet, onde também iam pessoas famosas como Victorien Sardou e o livreiro Didier. Em suas memórias ele registra que viu a mesa erguer-se inteiramente, sem causa aparente. Observou ditados que “não podem ser explicados por atos voluntários das pessoas presentes”. (FLAMMARION, 1911. p. 225

Uma caricatura de Camille Flammarion, em um dos jornais “O cômico” 27 de julho de 1867.

“Há espíritas de uma fé cega, que estão certos de estar em comunicação com os espíritos. Não há argumentação entre eles. Estes não me perdoam de não partilhar de forma alguma de suas certezas, que se tornam crenças religiosas em suas casas. Mas há entre estes, outros que compreendem que apenas o método científico nos pode conduzir ao conhecimento da verdade. Estes se tornaram meus amigos” (FLAMMARION, 1911. p. 239)

Outro grupo importante com que o jovem Flammarion parece ter tido contato, por via literária e pessoalmente, é o grupo de Victor Hugo.

Suas publicações foram sendo resenhadas por Kardec na “Revue”, geralmente bem acolhidas e elogiadas por ele. A impressão que Flammarion transmite ao leitor em sua biografia é a de uma certa predileção de Kardec por ele. Na página 239 de suas Memórias ele transcreve uma carta de um espírita que houvera assistido a uma das conferências do codificador em Bordeaux onde Kardec teria feito elogios públicos a um jovem de pouco mais de dezoito anos (que seria ele próprio).

Outro fato que marca o apreço de Kardec é o convite feito pelo Comitê Central da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, com o endosso da Sra. Allan Kardec para que Flammarion fizesse um discurso junto ao túmulo do codificador. Ressalvamos, entretanto, que Flammarion não foi o único a realizar um discurso, como pode parecer.

Dúvidas com Relação à sua Própria Mediunidade

Após algum tempo, que Flammarion não precisa bem em seus registros, ele passa a ter dúvidas acerca da própria mediunidade e dos fenômenos de escrita automática. Esta dúvida o perseguiria durante toda a sua vida. O que nos aparenta, dada a leitura de suas publicações, não é que o astrônomo francês houvesse negado a existência dos espíritos e a sua comunicabilidade, mas suas dúvidas diziam respeito à identificação entre comunicações predominantemente anímicas das comunicações mediúnicas.

“Eu não demorei a observar que as nossas comunicações mediúnicas [3] refletiam simplesmente nossas idéias pessoais, e que Galileu por mim, e que os habitantes de Júpiter por Sardou, são estranhos a estas produções inconscientes dos nossos espíritos” (FLAMMARION, 1923)

Durante a época em que redigia suas memórias, Flammarion se apresenta como uma pessoa ressentida com o movimento espírita da época, especialmente com os que adotam a postura de crédulos e que parece terem se voltado contra suas idéias de parcimônia científica para com as pesquisas espíritas. Mesmo assim, ele admite a existência de “forças desconhecidas e faculdades da alma ainda inexplicadas”. (FLAMMARION, 1911. p. 225)

 

“Há espíritas de uma fé cega, que estão certos de estar em comunicação com os espíritos. Não há argumentação entre eles. Estes não me perdoam de não partilhar de forma alguma de suas certezas, que se tornam crenças religiosas em suas casas. Mas há entre estes, outros que compreendem que apenas o método científico nos pode conduzir ao conhecimento da verdade. Estes se tornaram meus amigos” (FLAMMARION, 1911. p. 239)

Em algumas de suas publicações persegue tão tenazmente as hipóteses anímicas que deixa a impressão de estar negando a existência do espírito. Léon Denis, segundo a pena dedicada de Zêus Wantuil, tece alguns comentários que transcrevemos abaixo:

“E também Camille Flammarion teve suas horas de incertezas. Nos fizeram notar que na última edição do seu livro – As Forças Naturais Desconheciddas – publicada em 1917, mostra uma tendência a explicar todos os fenômenos apenas pela exteriorização do médium”. (DENIS, 1918. p. 135)

O ilustre Carlos Imbassahy (1951, p. 111-112) considera que Flammarion eleva a ciência a uma posição ímpar, procurando com seus métodos equacionar as questões do espírito.

“Ora, Flammarion é um simples cientista, que só no último quartel de suas experiências admitiu a comunicabilidade dos mortos.

Não se trata, nunca se tratou de um doutrinador. A Ciência para ele era tudo. A certeza de que o fenômeno psíquico era devido à alma dos defuntos custou-lhe uma existência de trabalhos, de lutas, de verdadeira violência às suas antigas convicções. (…)

Não se lhe podia pedir muito, nem pedir mais. ”

Apesar destes “senões”, Flammarion, após uma vida de estudos psíquicos, não deixa dúvidas quanto à sua convicção, baseada em fatos, na sobrevivência e personalidade da alma humana. Convido o leitor a analisar os livros de onde retiramos as citações abaixo. O astrônomo francês é enfático em sua defesa da imortalidade do espírito em “A Morte e Seu Mistério”, do qual transcrevemos o seguinte parágrafo:

 

“Esses fatos, devidamente comprovados, provam que a morte não existe, que é apenas uma evolução, sobrevivendo o ente humano a essa hora suprema, a qual não é de modo nenhum a última hora. Mors janua vitæ: a morte é a porta da vida. O corpo é somente um vestuário orgânico do espírito; ele passa, muda, desagrega-se: o espírito permanece. (…) (FLAMMARION, 1922c. p. 323)

Em sua publicação mais próxima da desencarnação[4] , o livro “As Casas Mal Assombradas”, Flammarion sustenta uma polêmica com autores franceses que resistem à idéia da imortalidade da alma, marcando, sem deixar dúvidas, a sua posição.

“Se o Universo é um dinamismo, se o Cosmos bem justifica seu nome (ordem), se o mundo desconhecido é mais importante que o conhecido, se há forças inteligentes e seres invisíveis, devemos preferir ao negativismo de Naquet, Berthelot, Le Dantec, Littré, Cabanis, Lalande, Voltaire, às convicções de Hugo, Pasteur, Ampère, G”the, Euler, Pascal, Newton, espiritualistas, de vez que estes atravessam a crosta das aparências e descobrem, na análise das coisas, o dinamismos invisível, fundamental.” (FLAMMARION, 1923. p. 320)

O próprio Léon Denis, quando convidado por Jean Meyer para ser presidente do III Congresso Espírita Internacional (Paris-1925), recusou, tendo como certo que Flammarion o seria. Foi necessário que o espírito Jerônimo lhe dissesse, sem explicar, que ele não estaria lá. Flammarion certamente estaria, se não fosse colhido pela visita da morte.

Há que se compreender, nos dias de hoje, as pressões pelas quais Flammarion não deve ter passado, seja no meio científico, seja no meio espírita. Ainda nos dias de hoje procuram descaracterizar ou desvalorizar sua obra espírita. Veja o lamentável comentário de Pierre Grimal, que se intitula professor da Sorbonne:…Dedicou igualmente vários trabalhos aos delicados problemas atinentes à vida e ao destino humanos, mas sua obra neste campo carece muitas vezes do rigor científico indispensável.” (GRIMAL, 1969. p. 533)

Aos 15 anos Flammarion escreveu um livro de cerca de 500 páginas, que ele próprio ilustrou com 150 desenhos, intitulado “Cosmogonia universal: estudo do mundo primitivo”. Este trabalho seria publicado mais tarde com o título: “O mundo antes da aparição do homem”.

 

Questões Religiosas e o Discurso no Túmulo de Kardec

Durante seus estudos clássicos, Flammarion foi introduzido ao pensamento cristão, sob a ótica do Catolicismo. Em suas memórias ele indica as reservas que foi fazendo aos dogmas da Igreja. Servindo-se da razão, ele questiona o pecado original, o mito de Adão, a idéia de redenção e a descendência davídica de Jesus ante o episódio da concepção. Com este espírito crítico, ele não poderia seguir a carreira eclesiástica, como desejava sua mãe, sem graves conflitos.

A posição que Flammarion guardou, com relação às idéias religiosas, para o resto da vida, foi de reserva. Quanto ao Catolicismo, ele rejeitava o posicionamento teológico dogmático, mas reconhecia um valor afetivo e moral, bem como o papel da filantropia para a sociedade.

As idéias positivistas, especialmente as referentes ao conceito e papel da ciência no conhecimento, marcaram seu espírito. O empirismo de braços dados com a razão, a construção das teorias a partir da observação dos fatos, o questionamento de qualquer sistema calcado em postulados apriorísticos e o uso da matemática na análise dos fenômenos são uma constante na construção do seu pensamento, seja nas pesquisas astronômicas, seja nas pesquisas psíquicas.

Com estas “marcas”, Flammarion adotou uma postura reservada na análise dos fenômenos espíritas.

Quando proferiu seu discurso no túmulo de Kardec, ele reconheceu o trabalho do codificador, considera-o “o bom-senso encarnado”, mas propos-se a desenvolver o aspecto científico do Espiritismo.

“Conforme o seu próprio organizador previu, esse estudo, que foi lento e difícil, tem que entrar agora num período científico. Os fenômenos físicos, sobre os quais a princípio não se insistia, hão de tornar-se objeto da crítica experimental, a que devemos a glória dos progressos modernos e as maravilhas da eletricidade e do vapor. (…) Porque, meus Senhores, o Espiritismo não é uma religião, mas uma ciência, da qual apenas conhecemos o a, b, c. Passou o tempo dos dogmas.” (FLAMMARION, 1869)

Uma curiosidade que encontramos na Revue foi que o discurso impresso nas Obras Póstumas e no volume de 1869 traduzido por Júlio Abreu Filho é apenas um excerto do discurso original, que teria sido publicado em forma de uma brochura de 24 páginas.

Na suas memórias Flammarion afirma ter sido convidado a presidir a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, mas tê-lo declinado. Ele se explica da seguinte forma:

“O comitê me ofereceu suceder a Allan Kardec como presidente da Sociedade Espírita. Eu recusei, dizendo que nove décimos dos seus discípulos continuariam a ver, durante muito tempo ainda, uma religião mais que uma ciência, e que a identidade dos “espíritos” estava longe ainda de ser provada.” (FLAMMARION, 1911. p. 498)

Esta citação, mas principalmente a que transcrevemos abaixo, mostram como se discutia o caráter religioso do Espiritismo à época de Kardec. Neste primeiro momento Flammarion usa do termo religião para caracterizar “crença”, com um tom crítico devido ao tema isolado da identificação dos espíritos. Entretanto, havia uma pretensão de se constituir uma religião a partir de conhecimentos demonstrados pela ciência. Kardec rejeitava a idéia de culto organizado, hierarquias, etc. comumente atreladas ao conceito de religião. Mas, possivelmente, compartilharia com Flammarion a idéia abaixo:

“A existência do Espírito na Natureza, nas leis do cosmos, no homem, nos animais, nas plantas é manifesta. Ela deve bastar para estabelecer a religião natural. E tal religião será incomparavelmente mais sólida que todas as formas dogmáticas. Os princípios da justiça se impõem com a mesma autoridade, e Confucius, assim como Platão e Marco Aurélio, antecipam a base desta religião.” (FLAMMARION, 1911. p. 99)

Embora não seja objetivo deste trabalho discutir-se o conceito de religião, faremos uma breve incursão nas discussões do século XIX.

Reprodução: Museu Guggenheim Bilbao.

O iluminista Voltaire, em seu “dicionário filosófico”, após demolir, com argumentos e ironias, os dogmas irracionais e absurdos do credo católico e condenar as relações entre religião e Estado, ainda assim não se volta contra esta forma de conhecimento, fazendo propostas para uma religião:

“Não seria a mais simples? Não seria a que ensinasse muita moral e poucos dogmas ? A que se empenhasse em tornar os homens justos sem os tornar absurdos ? A que não ordenasse a crença em coisas impossíveis, contraditórias, injuriosas para com a Divindade e perniciosas para o gênero humano e não se atrevesse a ameaçar com penas eternas quem quer que tivesse um juízo normal ? Não seria a que não sustentasse a sua crença com carrascos e não inundasse a terra com sangue por causa de sofismas ininteligíveis ? Aquela em que um equívoco, um trocadilho e dois ou três supostos certificados não transformariam um padre tantas vezes incestuoso, homicida e assassino em soberano e Deus ? A que não submetesse os reis a esse padre ? A que unicamente ensinasse a adoração de um só Deus, a justiça, a tolerância e a humanidade ?” (VOLTAIRE, 1988. p. 193)

Este autor foi brevemente discutido por Flammarion em suas memórias, e parece ter deixado suas marcas.

O positivismo de Comte, ao propor reformas sociais, como boa parte dos pensadores franceses do século XIX,.considera que a filosofia positivista poderia ser a base de uma religião, que ele formulou como uma “religião da humanidade”. Por religião, Comte desejava que se entendesse conforme a citação abaixo:

“…Em si mesmo, este vocábulo indica o estado de completa unidade que distingue nossa existência, a um tempo pessoal e social, quando todas as suas partes, tanto morais como físicas, convergem habitualmente para um destino comum. Assim, este termo seria equivalente à palavra síntese, se esta não estivesse, não por sua própria estrutura, mas segundo um uso quase universal, limitada afora só ao domínio do espírito, ao passo que a outra compreende o conjunto dos atributos humanos. A religião consiste, pois, em regular cada natureza individual e em congregar todas as individualidades; o que constitui apenas dois casos distintos de um problema único. (…) Com efeito, a fim de constituir uma harmonia completa e duradoura, é preciso ligar o interior pelo amor e o religar ao exterior pela fé.” (COMTE, 1988. p. 85-88)

Flammarion, entretanto, não compartilha das principais idéias da religião positiva, uma vez que crê na existência de Deus e na imortalidade da alma.

Considero como a maior influência sofrida pelo astrônomo francês com relação à noção de religião, as idéias relativas à religião natural. Nos séculos XVIII e XIX, este termo não tinha a acepção que se aplica nos dias de hoje, quando se entende a religião natural como uma religiosidade inata, própria de todas as pessoas independente da educação. O conceito de então enfatizava a possibilidade de se chegar à compreensão de Deus e da imortalidade “através da reflexão racional do mundo, considerando-se o pensamento humano e a experiência” (HINNELS, 1988. P. 228) O termo utilizado nos dias de hoje para estas idéias é “teologia natural” (especialmente nos países de língua inglesa).

 

Nas discussões sobre a religião, que empreende no capítulo 7 das memórias, nosso astrônomo-filósofo faz a crítica às religiões, mas a defesa da religião. Propõe a articulação do sentimento religioso à razão (p. 186), a unicidade do “sistema do mundo moral” ao “sistema do mundo físico” e a necessidade de as religiões reconhecerem seus erros, posto que considera não haver “erros inofensivos, e ainda mais erros respeitáveis e sagrados”. Flammarion considera fundamental e grave o problema da vida futura e da imortalidade da alma. Entre suas primeiras publicações, encontramos “Deus na Natureza” (1867), onde fica clara sua idéia de possibilidade de articulação entre a ciência e o que ele denomina a “verdadeira religião”.

“A ciência não é materialista, nem pode servir ao erro. Como, e porque, pois, haveriam de temê-la o espiritualismo e a verdadeira religião? Duas verdades não se podem opor a uma terceira. Se Deus existe, sua existência não poderia ser suspeitada nem combatida pela Ciência. (…)

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Dos colaboradores de Kardec, Camille Flammarion foi o que mais valorizou a construção do conhecimento espírita a partir da metodologia empírica e positivista. Como conseqüência desta sua postura ele passou anos de sua vida buscando fatos, sobre os quais construiu a convicção na imortalidade da alma, na comunicabilidade dos espíritos e na existência de faculdades extra-sensoriais nos homens, o que frutificou-se na Metapsíquica de Richet e posteriormente na Parapsicologia de Rhine.


Obra Espírita e de Pesquisa Psíquica

Esperamos que esta tentativa de versar a existência de Deus pelo método experimental aproveite ao progresso de nossa época, por estar de acordo com as suas tendências características .” (FLAMMARION, 1979. P. 14-15)

Flammarion é um autor bastante prolífico, e certamente não tivemos acesso a toda a sua obra, que possivelmente não se encontra totalmente traduzida. Para fins de análise de sua obra espírita, a dividiremos em dois grandes grupos de livros: os de pesquisa e os de ficção.

Entre os livros de ficção, que algumas pessoas podem tomar como livros mediúnicos, temos quatro vertidos para o português.

“Urânia”, escrito em forma de diálogos intercalados por informações e idéias do movimento espírita e da astronomia, que vaga entre os dados da pesquisa e a imaginação. Não obtivemos a data original da sua publicação.

“O fim do mundo” já traz uma nota da editora brasileira indicando como data de publicação da primeira edição o ano de 1893. Trata-se de uma ficção ambientada no vigésimo quinto século sobre o fim do sistema solar.

“Narrações do infinito” é o título em português da obra denominada “Lumen” na sua língua original. Foi escrito em 1866 e publicado na “Revue du XIXe Siècle”. O autor o considera como seu sexto livro, e o define como um “romance astronômico” escrito em forma de diálogo entre um vivo e um morto. Kardec elogia este livro em dois artigos publicados na “Revue Spirite” e refere-se a ele da seguinte forma:

“Este trabalho, ao qual reconhecemos, sem restrições, uma importância capital, nos parece ser um daqueles que os Espíritos nos anunciaram como devendo marcar o presente ano.” (KARDEC, 1867. p. 100)

“Estela” é narrativa que tem por centro o amor de Rafael e Estela. Traz em seu bojo as informações da Astronomia, o debate com o materialismo e os temas espiritualistas.

Entre os livros de pesquisa temos os títulos abaixo, três dos quais não encontramos traduzidos para a nossa língua.

“Os espíritos e o Espiritismo” é um artigo extenso (23 páginas), publicado na “Revue Française” de fevereiro de 1863, onde Flammarion se coloca numa posição terceira, e redige uma trajetória histórica dos eventos do movimento espírita, das manifestações na América até a sua conversão em doutrina filosófica.

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“As forças naturais desconhecidas” publicado em 1865, do qual desconhecemos tradução para a nossa língua, parece ser o mais polêmico de seus livros. Nele o autor parece aprofundar-se nas explicações anímicas para os fenômenos psíquicos, deixando em suspenso as hipóteses espíritas. Este livro vai sendo reescrito à medida que as edições sucedem-se. Em “As casas mal assombradas”, Flammarion considera como edição definitiva a de 1906 (p. 290). Neste último livro, Flammarion se defende das críticas escritas por Alfred Erny que se indigna com o fato de Camille Flammarion referir-se às comunicações com os moribundos, mas não sustentar a comunicação com os mortos.

Kardec resenha a sua primeira edição na “Revue” de março de 1866. Neste artigo, vê-se que Flammarion o publicou com o pseudônimo de Hermes e, segundo o codificador, que partiu em defesa dos irmãos Davenport, debatendo com as opiniões expressas na imprensa da época. Seu livro, que pelo visto nasceu sob o signo da polêmica, gerou reações entre os jornalistas criticados. A opinião do codificador é cristalina: “Podemos não partilhar do sentimento do autor sobre todos os pontos, mas não deixamos de dizer que o seu livro é uma refutação difícil de refutar”. (KARDEC, 1866. p. 97) Suspeitamos que Kardec desconhecia a identidade real do autor do livro quando redigiu sua resenha.

Nas suas memórias, Flammarion afirma que não partiu em defesa dos Davenport, que lhe eram desconhecidos e indiferentes, mas sim, do princípio da discussão, ou seja, da existência de forças naturais desconhecidas.

“Deus na natureza” que nas memórias tem por subtítulo “O materialismo e o espiritualismo diante da ciência. Escrito em 1867, tem por móvel debater com a “nova filosofia alemã”, de Virchow, Büchner e Molescott. Flammarion discute argumentos levantados junto à Astronomia, Biologia, Química, Fisiologia e Psicologia para fundamentar as idéias materialistas.

“Os últimos dias de um filósofo”, é a tradução que Flammarion realizou de um livro do químico Sir. Humphry Davy, escrito antes de 1830 e que trata da reencarnação, entre outros temas. Foi anunciada a sua publicação na “Revue” de Junho de 1869. O articulista afirma que Kardec vinha solicitando insistentemente ao jovem astrônomo para concluir seu trabalho. Nas memórias, Flammarion afirma ter encontrado uma grande afinidade de convicções entre Davy e ele próprio, e que esta tradução foi publicada pela livraria Didier em 1868.

“O desconhecido e os problemas psíquicos” prefaciado em 1900 e redigido para apresentar uma casuística extensa sobre fenômenos que ele agrupa na designação de “o desconhecido”. Nele são apresentados casos de manifestações de moribundos, aparições, telepatia e um estudo extenso sobre os sonhos, envolvendo sua classificação e fenômenos associados ao sonho, como a visão à distância, as premonições, as manifestações de moribundos e a telepatia. Seus dois capítulos iniciais, “os incrédulos” e “os crédulos” colocam desnudadas as posições de céticos e religiosos dogmáticos ante os problemas do espírito.

“A morte e seu mistério” o tema central deste trabalho é a sobrevivência da alma após a morte. Aos moldes de “O desconhecido…”, traz uma casuística extensa para fundamentar as argumentações do autor. Nele se discute o materialismo, as faculdades supra-normais, como os pressentimentos, as adivinhações, as premonições, os fatos do magnetismo e do hipnotismo, a telepatia, a visão à distância, o “dejá vu”, os fenômenos que acompanham os moribundos durante a morte e finalmente as comunicações constatadas após a morte. Este trabalho se acha publicado em português pela FEB, que o dividiu em três volumes.

Crítico dos sistemas religiosos e das verdades misteriosas bastante difundidos em sua época, Flammarion se rendia ao espírito religioso e à construção de uma religião natural, sem dogmas, sem mistérios e sem sobrenatural, como o pensava Allan Kardec.


Em Síntese

“As casas mal assombradas” é, possivelmente sua última obra. Publicada em 1923, nela se examinam as manifestações objetivas dos espíritos em localidades diferentes na europa. Escrita em forma de estudos de caso (mais extensos que em “O Desconhecido…” e “A morte …”), propõe-se ao final do livro uma classificação dos fenômenos descritos e afirma claramente a imortalidade da alma em suas conclusões.

Dos colaboradores de Kardec, Camille Flammarion foi o que mais valorizou a construção do conhecimento espírita a partir da metodologia empírica e positivista. Como conseqüência desta sua postura ele passou anos de sua vida buscando fatos, sobre os quais construiu a convicção na imortalidade da alma, na comunicabilidade dos espíritos e na existência de faculdades extra-sensoriais nos homens, o que frutificou-se na Metapsíquica de Richet e posteriormente na Parapsicologia de Rhine.

Esta sua visão de ciência e as suspeitas que passou a ter para com os aspectos filosóficos e religiosos do Espiritismo não o tornaram, contudo, um iconoclasta, aos moldes de alguns críticos contemporâneos do aspecto religioso do Espiritismo. Suspeitando do método de Kardec, Flammarion lançou-se ao estudo continuado da fenomenologia espírita, oferecendo-nos, quando desencarnou, uma obra que tornou mais sólidas as bases científicas da doutrina espírita. Quem sabe estes últimos não possam ter suas idéias arejadas pelo pioneirismo do astrônomo francês e redirecionar suas ações em uma cruzada de construção e consolidação.

Crítico dos sistemas religiosos e das verdades misteriosas bastante difundidos em sua época, Flammarion se rendia ao espírito religioso e à construção de uma religião natural, sem dogmas, sem mistérios e sem sobrenatural, como o pensava Allan Kardec.

A obra espírita de Flammarion sustentou e alimentou diversas gerações de espíritas em nosso país, foi uma fonte importante nas discussões que o movimento espírita brasileiro teve de sustentar com diversos segmentos científicos e políticos de nossa sociedade para manter o direito constitucional de existir. Consideramos fundamental que a geração nova, que vem adquirindo as bases do conhecimento espírita nas muitas mocidades e juventudes de nosso país, não olvidasse a obra deste cientista espírita. Se assim o dizemos aos jovens, o que não diríamos aos muitos grupos e reuniões de estudo sistematizado do Espiritismo.

Saudamos com estas poucas linhas a memória e a obra do mais polêmico dos espíritas franceses contemporâneos de Kardec.

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Notas

1 – Trabalho apresentado no grupo de estuudos da Associação Espírita Célia Xavier em 25/04/98 e enviado para o Antonio Leite (GEAE) pelo Jáder.

2 – Ver NITSCHELM, Christian. Histoire dee l\’Astronomie. Dijon: Université de Djon, 1998. [acessável pela internet]

3 – Referindo-se às comunica&ccediil;ões obtidas por ele e por Victorien Sardou.

4 – Camille Flammarion desencarnou em 04 de junho de 1925.

 

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