De frente para o espelho

Por Vera Meira Bestene


“Se conseguíssemos nos separar de nós mesmos, deixando de lado o ego, a vaidade e a fantasia, seríamos capazes de ver a vida como ela realmente é.”
Diante do Espelho – Rick Medeiros

Tantas e tantas vezes temos vontade de gritar, de fugir para fora da própria vida que vivemos sem, entretanto conseguir ver o que realmente está acontecendo, sem conseguir sequer perceber a vida como ela é.

Esta frase de Rick Medeiros em epígrafe nos fala muito, pois tudo o que se precisa para conseguirmos ser felizes e promovermos um real encontro com nós mesmo, é conseguir apartar, deixar de lado completamente, o eu mais profundo de toda a vaidade que estamos revestidos e que proporciona uma vida fantasiosa que esconde a vida que poderíamos e quereríamos viver. Muitas vezes estamos vivendo uma vida superficial, de sorrisos falsos, de brincadeiras mais falsas ainda, com inúmeras coisas que gostarias de fazer e sentir, mas não conseguimos encontrar a brecha, a trinca de onde atravanca nossa evolução e nosso eventual ponto de partida para a verdade e, conseqüentemente, para uma vida melhor. Aí desesperamos com freqüência e surge esta tristeza imensa e inexplicável para os de pouca visão.

Normalmente esquecemos que nossas vidas são continuação do passado, quando, se encarássemos este fato, poderíamos entender o por que da vida que vivemos hoje. Assim, da mesma forma e com a mesma intensidade, precisaríamos nos olhar de frente para o espelho e conseguir ver que a vida de hoje é o alicerce para o futuro, aí sim, nosso comportamento mudaria mesmo.

A vida, tão simples quanto complexa, nos permite situações que nos favorecem o descobrimento de nós mesmo, de nossas virtudes, de nossos defeitos, de nossos anseios e de nossas decepções sendo, portanto capazes de nos ver através do espelho da alma, descobrindo a nós mesmos.

Acredito eu que, como espíritos criados por Deus, simples e ignorantes e que somos colocados aqui neste planeta para aprender e vivenciar cada aprendizado e que depende de nós a evolução, o crescimento, tendo tudo a sua conexão perfeita pois que nada acontece por acaso. Assim, ainda dentro do que acredito e do que pelo estudo e vivência já me sinto capaz de relatar, não estamos aqui somente para viver e aprender, mas, muitas vezes, para ajudar os outros e, sem cobranças, poder colher toda a simplicidade da vida.

Nem todo mundo acredita em vida após a morte ou reencarnação. Sei que todos tem seu próprio tempo e talvez seja meio louco tentar suas vidas por meio de meus valores. Afinal, uma das razões pelas quais estamos aqui é para nos desenvolvermos por nossa própria razão e intelecto, e não pela de outra pessoa, pelo preconceito que já criaram e tentam incutir em nós.
Sei que muitos ainda e algumas religiões ensinam que há apenas uma única vida, mas como explicar os privilégios, as desigualdades?

Por que alguns nascem ricos, enquanto outros lutam para simplesmente sobreviver? Por que alguns vêm ao mundo com corpos e mentes belos e saudáveis, mas outros nascem deformados ou com doenças mentais? Por que alguns vivem com vantagens, enquanto outros cumprem sua jornada em desespero?

Nossas vidas são escolhas, lições e aprendizados, em que o presente é moldado pelo passado, e o futuro pelo presente, mas poucos enxergamos isto.

Olhar no espelho e ver como pode ser bom viver a própria vida aqui e agora, embora seja coerente pedir orientação, conforto e conselhos, para os que estão no mundo espiritual, mas não para viver nossa vida através deles, qualquer que seja a nossa crença. Estamos aqui para aprender e evoluir, e ninguém pode fazer isso por nós. Temos que fazer por nossa própria conta, lembrando sempre que quando conseguimos nos olhar de frente para o espelho, conseguimos ver nossos defeitos e virtudes e, assim, podemos melhorar nossas virtudes e procurar vencer os defeitos, eliminando-os tanto quanto possível de nossas vidas. O caminho pode ser árduo, mas todos sempre temos ajuda, mesmo que não tenhamos ainda a capacidade de percebê-la..

Vera Meira Bestene – Fonte: O Mensageiro

Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião da Casa Espírita Nova Era.


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