Destino
Dr. Ricardo di Bernardi
O destino constrói-se a cada momento de nossa existência. Se for verdade que hoje navegamos pelo rio da vida com a canoa que construímos, com os golpes do machado de nossos próprios atos, também é verdade que nos cabe remar no sentido que desejamos, e sujeitando-nos a avançar lenta ou velozmente na meta a ser alcançada.
Nosso livre-arbítrio permite-nos, a todo o momento, jogar para fora do barco o lastro excessivo das pedras da culpa que nós juntamos imaturamente, no decorrer de nossa jornada.
O esforço próprio para vencer a correnteza das adversidades da existência leva-nos a escolher os cursos d’água menos caudalosos, embora de percurso mais longo… O equipamento de bordo é fruto das nossas possibilidades, entretanto, a direção do barco da vida depende de nós.
Não há carma estático. A ideia de que o destino já está, indelevelmente, traçado existe nas estreitas mentes que se espremem no desfiladeiro limitado pelas muralhas pétreas da rigidez de percepção.
O carma é dinâmico e sofre modificação a cada pensamento nosso. Quando pensamos, ocorre movimentação de energias, emissão de ondas e criação de situações atenuantes ou agravantes dos problemas.
É verdade que somos peixes livres no aquário da vida. No entanto, estamos limitados às quatro paredes envidraçadas que correspondem aos pontos cardeais de nossa dimensão física, livres apenas no espaço dimensional que conhecemos, porém, mergulhados em outros espaços que não percebemos.
Na trajetória da vida, os atos construtivos e amorosos, além de conquistarem a simpatia e o amparo ao nosso redor, geram vórtices energéticos superiores em nossa estrutura espiritual.
A presença dessas energias sutis suaviza, acentuadamente, nossas desarmonias energéticas, bem como reduzem nossas tendências a determinadas situações de desequilíbrio e sofrimento.
No trânsito pelo campo da vida podemos, a cada momento, espargir as sementes do amor que, celeremente, desabrocham nas flores perfumadas do companheirismo, em criaturas que amadurecem como frutos saborosos da solidariedade humana.
O carma, ou o destino, deve ser compreendido sempre como uma tendência a determinadas situações decorrentes de nossa natureza psíquica, a qual foi elaborada nas múltiplas existências.
Apraz-me muito a figura do barco do destino que não se apresenta com sua rota previamente traçada, mas apenas tracejada, cuja trajetória pode ser desviada pelo responsável pela navegação: nós mesmos.
Nada impede que lutemos contra determinadas tendências, ao contrário, sabemos que os Mentores Espirituais amparam-nos, constantemente, infundindo força para vencermos e, dessa forma, evitarmos, muitas vezes, sofrimentos desnecessários.
Após transitarmos pelos inúmeros mares das vidas sucessivas, o único destino que sempre nos aguarda ao final da grande viagem, é o porto da sabedoria e da felicidade.