Entrevista 5 anos: Inny Buch

Nova Era, 5 anos

Conscientizar é a nossa missão, diz Inny, dirigente
da S.E. Nova Era

Em entrevista, Inny (foto) fala sobre o aniversário de cinco anos da S.E. Nova Era, a Doutrina dos Espíritos, o movimento espírita brasileiro, e o futuro da sociedade. “Devemos ter o cuidado para não correr o risco de virar uma empresa esquecendo-se do principal motivo de sua existência.”

Fotos e texto:   Manoel Fernandes e Cris Fernandes

Criada em Blumenau por um grupo de espiritistas recém-saído de outra casa da região, a S.E. Nova Era está completando neste 16 de fevereiro de 2005 cinco anos de existência. Neste período, a sociedade já se tornou uma referência na cidade em relação ao estudo, divulgação e atendimento baseado na Doutrina dos Espíritos. A casa reúne semanalmente em sua sede duas centenas de disseminadores, estudantes e simpatizantes do espiritismo, além de dezenas de pessoas em busca de consolo e orientação realizados por meio de conversas fraternas.

A Sociedade oferece atualmente palestras públicas sobre diversos temas às segundas-feiras (19h30), e às quintas-feiras em dois horários (9h00 e 19h30). Além de cursos regulares para iniciantes e grupos de estudos para pesquisadores. Para Inny Buch, presidenta, monitora e colaboradora da casa, o objetivo principal está sendo cumprido com muito trabalho de todo o grupo: “Com estudo, o Evangelho do Cristo começa a ser de utilidade prática.”

Com 20 anos de Movimento, Inny foi apresentada à Doutrina dos Espíritos por seu marido, que lhe emprestou o livro Nosso Lar, de André Luiz. Naquela época, sem ainda ter o entendimento de hoje, ficou analisando por um período de tempo, só despertando para o espiritismo a partir da leitura de Após a Morte, de León Dennis. “Algo me dizia interiormente: preciso estudar essa doutrina tão inteligente”, diz Inny.

Sentindo a necessidade de oferecer uma vivência religiosa racional para os filhos, passou a frequentar a casa espírita mais antiga de Blumenau, o C.E. Fé, Amor e Caridade, onde, não demorou muito, foi escalada para cuidar da biblioteca e restauração de exemplares. “Como todo espírita, sempre fui vidrada em livros, e ainda brincavam comigo que o meu sobrenome, \’buch\’, em alemão, significa livro; colaborar com a biblioteca é o melhor que pode ocorrer a um estudante da doutrina”, afirma, bem humorada, Inny.

Os anos se passaram e, em 2000, a partir da formação de um núcleo de estudo doutrinário surgiu a S.E. Nova Era. Um ano depois, em 10 de fevereiro de 2001, a Casa já estava filiada à Federação Espírita Catarinense, e torna-se a cada ano uma sociedade mais coesa, aproveitando todos os benefícios da diversidade de idéias, considerado por Inny a maior riqueza da comunidade. “Consegue-se conversar, analisar, recolher, aproveitar, pensar no bem comum, crescendo, cada um dos participantes, consciente do papel de responsabilidade que possui, enquanto grupo.”

Nessa entrevista, que marca os cinco anos de existência da S.E Nova Era, Inny fala um pouco de tudo. Doutrina, movimento, estudo, casas espíritas, desafios, alegrias. Lembra, com emoção, o enfoque de hoje e sempre da Sociedade: “Conscientizar o ser humano de sua imortalidade, da sua responsabilidade como espírito que é. ”

Acompanhe os melhores momentos da entrevista.

Faça um balanço sobre a missão da S.E. Nova Era nesses cinco anos de trabalho.

Inny – Desde o seu início a casa se dispôs a divulgar a Doutrina dos Espíritos, por entender que o conhecimento de seus princípios e a sua devida aplicação no dia-a-dia das pessoas lhes dariam a tranqüilidade para lidar com os problemas comuns que enfrentamos todos. Por isto nossa sociedade é, acima de tudo, uma casa de estudos, de pesquisa, em que o Evangelho do Cristo começa a ser de utilidade prática.

Quais foram, na sua opinião, os principais desafios vencidos?

Inny – A riqueza de uma comunidade é a diversidade. Aproveitar esta riqueza para crescimento próprio da casa, como um todo, sempre constituiu um desafio. Este foi o desafio vencido. Consegue-se conversar, analisar, recolher, aproveitar, pensar no bem comum, crescendo, cada um dos participantes, consciente do papel de responsabilidade que possui, enquanto grupo.

Como foram resolvidos as dúvidas inerentes à abertura de uma casa espírita?

Inny – A Federação Espírita Brasileira coloca à disposição um manual destinado a facilitar este trabalho de legalização da Casa Espírita. Todos os casos que possam surgir encontram-se neste manual, com uma solução prática. Esta orientação foi rigorosamente seguida nas normas que regem a fundação de uma casa. Portanto, este aconselhamento seguro facilitou em muito a abertura da Nova Era.

Você pode destacar um momento marcante na história da S.E. Nova Era?

Inny – O dia da fundação 16 de fevereiro de 2000, bem como, o da filiação à Federação Catarinense em 10 de fevereiro de 2001 foram dois marcos que deram a todos muita alegria. Significou o fim de uma etapa de dedicação e trabalho, e o começo de outra, agora com a casa espírita mais adequada para um melhor atendimento de suas finalidades, já que não estava mais isolada, mas dentro de um corpo que lhe proporcionou a credibilidade para colocar a Doutrina Espírita ao alcance de todos.

Qual a visão de futuro que você acha que a S.E. Nova Era deve ter?

Inny – O futuro será sempre a conseqüência de um presente bem ou mal vivido. Por isto manter a mente aberta, tendo como objetivo a transformação moral do homem – começando, logicamente, cada qual por si – será sempre o objetivo maior de uma casa espírita.

Além disso, a Casa deve estar tualizada com as contribuições que a moderna tecnologia nos pode oferecer. Isso é importante e tudo deve ser aproveitado; a casa não deve ficar alienada. Todavia, a Sociedade deve ter o cuidado para não correr o risco de virar uma empresa esquecendo-se do principal motivo de sua existência: que é conscientizar o ser humano de sua imortalidade, da sua responsabilidade como espírito que é. Este deve ser o enfoque de hoje e sempre.

Como você analisa o atual momento da Doutrina Espírita no Brasil?

Com muito otimismo. Chegou o momento da reflexão. A fé cega não basta mais e o ser humano busca respostas claras, precisas, para a solução para seus problemas diários. Mais e mais pessoas afirmam a sua posição como espíritas, pois encontraram nesta doutrina as respostas que procuravam. Mesmo os que não se afirmam espíritas, já estão aceitando os seus princípios como verdadeiros, em harmonia com a afirmação que encontramos na Codificação: que chegará a hora em que todos serão espíritas, no sentido que todos aceitarão seus princípios, pois que eles estão como leis na natureza.

Muitos acadêmicos e estudiosos brasileiros afirmam que o espiritismo no Brasil se tornou forte em virtude da religiosidade de seu povo, que evita se interar dos outros aspectos da Doutrina como a filosofia e a ciência. Como você analisa esta questão?

Vejo que o povo brasileiro teve sempre mais facilidade para a vivência religiosa. E esta foi realmente a porta pela qual o Espiritismo fortificou-se no Brasil. Porém, temos grandes nomes como Hernani Guimarães Andrade, Hermínio Miranda, Jorge Andréa, Carlos de Brito Imbassahy, Núbor O. Facure, Fernando Augusto Garcia Guimarães, para citar alguns, que se dedicam, ou se dedicaram, efetivamente, à pesquisa, comprovando a interação espírito-corpo, reencarnação, a imortalidade, etc. Vejo que a ciência está cada vez mais forte.

Penso que os três aspectos da doutrina, filosofia, ciência e religião tendem a se estabilizar. Mesmo a casa que não tem condições de pesquisa científica, não deixará de se interessar por ela, de olhar com interesse, e estudar o que está sendo feito neste setor. Por ora, a parte religiosa e também a filosófica é a de maior destaque, mas todos estão cada vez mais conscientizados que é através da comprovação científica que o terreno onde pisamos fica mais seguro.

 

Com sua experiência, qual a mensagem que você pode deixar para todos os dirigentes de Casas Espíritas do Brasil?

Inny – Que tenhamos bom ânimo. Hoje como dirigentes, mas sempre como trabalhadores, nós que tivemos a felicidade de conhecer esta doutrina devemos levá-la adiante dentro da sua pureza. Seria uma maneira de agradecer a grande oportunidade que temos de ajudar para que o mundo amanhã possa ser melhor. Obrigada pela oportunidade, que Deus abençoe a todos.

Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião da Casa Espírita Nova Era.


Continue no Canal
+ Entrevistas