O Bem será sempre o oposto do Mal

Aos espíritas: não cooperem com o mal, intensifiquem-se no bem; sem essa atitude não haverá terra regenerada.

Marcelo Henrique

A clarividência de Kardec se expressou, de forma marcante, na forma como ele consultava as Inteligências Superiores e, também, nos judiciosos comentários que fazia a cada item das 32 obras que escreveu.

A dualidade bem-mal está presente em muitas delas, apontando para a necessidade do entendimento dos objetivos existenciais, na esteira da Lei do Progresso.

Muito antes, porém, Yeshua já nos havia apresentado esta temática e, no contexto de várias de suas parábolas, o Pescador de Homens, teria delimitado a imperiosa necessidade de assumir clara postura nos atos da vida.

Quando fala do sal da Terra, destaca a funcionalidade deste elemento, para dar valor nutritivo e de sabor e conservar a integridade dos alimentos.

Em panos velhos com remendos novos, salienta a não-submissão a ambientes negativos e propensos ao erro, sugerindo-nos a seleção dos locais em que estaríamos comparecendo.

Situação que se repete, figurativamente, na determinação de não deitar vinhos novos em odres velhos, justamente porque a natureza do receptáculo, por vezes, importa na contaminação e deterioração do conteúdo. Ao dissertar sobre o semeador, destaca o cuidado que devemos ter na semeadura, para que não se percam as sementes entre terrenos que jamais irão permitir a fecundação e a mantença das ideias superiores.

 

Também em outra passagem sobre os frutos da terra, destaca a atuação do agricultor em separar o joio e o trigo, evitando que as más inclinações suplantem as boas, sufocando os propósitos de progresso.

Na lição sobre a edificação da casa sobre a rocha, enaltece o zelo pelas estruturas de base, sobre as quais erigimos nossas trajetórias, experiências e vivências.

Numa referência aos papéis da existência, apresentou-nos a distinção entre ovelhas e lobos, porquanto, à primeira vista, os últimos poderiam se travestir nos primeiros, iludindo os menos avisados e, nos enganos, locupletarem-se.

E, ao tratar da temperatura dos líquidos ou sólidos, repele a condição de mornos, para prescrever a opção, conforme o caso, pelo quente ou pelo frio, de modo destacado e preciso, sem permitir a confusão entre estes dois estados.

Poderíamos, outrossim, elencar outras situações em que o Mestre dos Mestres estabelece a distinção entre os que já estão a caminho e os que pretendem continuar estacionados. Ou, em outras palavras, entre os que já decidiram pelo bem e os outros que se deixam levar pelos atrativos do mal.

E o que nos diz a Doutrina dos Espíritos?

Não foi por outra razão que os Espíritos Superiores, ao estabelecerem, no questionamento de Kardec sobre a razão da proeminência do mal sobre o bem, responderam: “os maus são audaciosos e os bons, tímidos. Mas estes, quando o quiserem, preponderarão”. Querer, ato de vontade, deliberado, a partir da decisão de ser diferente!

Mas é em “A Gênese”, a obra mais madura do Codificador, depois de quase 15 anos de efetivas pesquisas sobre Espiritualidade e Consciência, que, no Capítulo III, são apresentados os caracteres que diferenciam “O bem e o mal”.

Neste Capítulo, no item 8, magistralmente está definida a linha demarcatória entre bem e mal, como duas faces indissociáveis da mesma moeda: “Pode dizer-se que o mal é a ausência do bem, como o frio é a ausência do calor. Assim como o frio não é um fluido especial, também o mal não é atributo distinto; um é o negativo do outro. Onde não existe o bem, forçosamente existe o mal. Não praticar o mal, já é um princípio do bem” (grifos do Professor francês).

Sendo o bem o positivo e o mal o negativo, a frase magistral de Luther King faz eco no conhecimento e na prática espíritas: “Quem aceita o mal sem protestar, coopera com ele”.

O protesto, assim, é a paz inquieta, o móvel das ações humanas, a execução do progresso social, pelas mãos dos homens ditosos, inseridos nos mais diversificados ambientes e situações.

Não é outra coisa que se espera, dos espíritas, neste quadrante da trajetória planetária: que sejam revolucionários, que protestem, que não aceitem nem cooperem com o mal e que intensifiquem-se no bem, o máximo que puderem fazer. Sem isso, não haverá como “sonhar” ou “esperar” pela Terra Regenerada, o estágio dos mundos habitados que vem sendo tratado pelas obras espíritas como consequência da superação, individual e coletiva, do estágio de expiações e provas.

 

No livro derradeiro de Kardec, já citado, ainda consta: “a luta é sempre necessária ao desenvolvimento do Espírito […] e de sangrenta e brutal que era, se torna puramente intelectual. O homem luta contra as dificuldades, não mais contra os seus semelhantes” (item 24).

Vamos lutar?

Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião da Casa Espírita Nova Era.


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+ Marcelo Henrique