O espantalho
O astuto comandante de entidades das trevas reuniu a pequena expedição de companheiros que voltavam da esfera física, onde haviam ido em combate aos espíritas, e lhes tomava contas.
– Eu, dizia um dos perseguidores, sarcasticos, torturei a cabeça de fervoroso pregador de Kardec, impedindo-lhe o acesso à tribuna por mais de dois meses.
– Ótimo! – falou o chefe – entretanto, isso terá trazido muitos benfeitores ao socorro preciso.
– Eu, – chacoteou um deles -consegui provocar a queda de uma criança anulando o concurso de operosa médium passista por duas semanas.
– Excelente! _ concordou o diretor das sombras _más não resolve porque muita gente do plano superior terá vindo…
Outros relacionaram atividades inferiores diversas sem que o mentor cruel demonstrasse encantamento maior.
Um deles informou, porém:
– Eu encontrei um grupo de espíritas convictos e devotados, mas passei a frequentar o pensamento, dizendo-lhes que eles eram imperfeitos, imperfeitos e imperfeitos, até que todos acreditaram não valer mesmo nada… Então aí todos cruzaram os braços e começaram a dormir em abatimento e desânimo.
O tenebroso dirigente deu enorme gargalhada e recomendou a turma sombria a levantar, com urgência, em cada sementaeira do Espiritismo, o espantalho da imperfeição…
Hilário Silva.
(Do livro "Ideal Espírita", psicografia de Francisco Cândido Xavier, Comunhão Espírita Cristã, 2005)