Onde estão nossos tesouros?

Edir Salete

A criação é um processo incessante da Divindade. O ser humano, que reencarna por necessidades de expiação, provação ou missão, faz parte da multidão dos seres que perambulam neste Planeta.

Reencarnamos por necessidades óbvias, e guiados por um Determinismo Divino, um dia chegaremos a perfeição. Mas, quando perpassamos o olhar sobre as mazelas humanas nos damos conta de que as lições deixadas por Jesus, ainda não foram aprendidas, e porque não aprendemos, temos que fazer o caminho inverso e reaprende-las, processo esse lento, moroso e complexo.

Se tivéssemos entendido os ensinamentos do Mestre nos portaríamos como discípulos fiéis e “amaríamos o próximo como a nós mesmos”. Difícil, mas necessário.
Não sendo assim, fica evidente que nossos valores são outros, distantes daqueles ensinados. Há equívocos, pois prezamos os valores que não são reais. “Valores”, aliás, são conceitos difíceis de se estabelecer porque essa aquisição faz parte de um conjunto de fatores: A família, a educação, as culturas,a educação religiosa, as bases exemplificadas que assimilei nesta e em outras vivências. Isso tudo forma a minha escala de valores existenciais e que em verdade vão me fazer um “ser” espiritualizado ou não.

Fomos criados simples e ignorantes e muitas encarnações foram passadas nas cavernas, em grutas, e como seres primitivos, vivíamos para comer, dormir e procriar. A luta diária era pela sobrevivência, onde passávamos o tempo todo caçando, pescando, pastoreando, nossos maiores inimigos eram as intempéries naturais, a chuva, o frio, as tempestades, as dificuldade de alimentação, o calor excessivo…

Avançamos para o ciclo chamado agrícola, onde percebendo que a semente germinava e podia dar frutos, agregamos alguns familiares e começamos plantar, colher… produzir o alimento… dividir a colheita, tudo era feito em casa. Orava-se na hora das refeições, as palavras tinham significado. Os conselhos de pais e avós eram levados em consideração. Havia o respeito aos mais idosos. Havia mais afeto, mais compreensão, mais atenção, mais tempo para ficar junto. Foi um momento importantíssimo ao qual pouco nos reportamos. Nessa fase os maiores inimigos eram os vírus, as bactérias, pois não conhecíamos ainda as vacinas e a penicilina.

 

Num terceiro momento em que o ciclo industrial se fez presente, há abertura dos Portos. O comércio começa se expandir entre as Nações. As transformações nos transportes aéreos, marítimos e terrestres deram início a economia Capitalista, o homem se volta mais para o TER, acumula moedas e lucros, é o momento da competição econômica e financeira. Seu egoísmo fica exacerbado e começa a intensa competição com o seu semelhante, que se torna seu inimigo.

O relógio do tempo avança, rapidamente, como num salto !

Hoje, no ciclo do conhecimento, pós industrial, onde a tecnologia e os avanços científicos são tão grandes que não nos permitem acompanhar, nos damos conta de que o grande inimigo do homem é o próprio homem. Temos medo do nosso semelhante, nos tornamos desconfiados, isolados, precisamos de status social onde o ter se sobrepõe ao ser, e apesar das buscas e dos livros de auto-ajuda não conseguimos encontrar a felicidade e a paz de nossas consciências. Nos tornamos seres cibernéticos, frios, calculistas… Já não sobra tempo para dizer por favor, obrigado, com licença, olhar nos olhos e dizer com sinceridade eu te amo, como é bom ter a tua amizade, como é bom estar contigo,… isso tudo é coisa rara, do passado. E, com todo respeito, mas tudo que aconteceu na área científica, tecnicista, é muito bom e útil, faz parte do desenvolvimento e da Lei de Progresso, mas está faltando na moral, na ética e no espiritual. Avançamos bastante na intelectualidade e estamos escassos de amorosidade.

Estamos na multidão, mas somos solitários, depressivos, esquizofrênicos, temos medo de tudo, medo de ficar em casa, e medo de sair de casa ! caminhamos de cabeça baixa, o olhar também está perdido… nós estamos perdidos ! Não há diálogo, as pessoas discutem, gritam… Esse grito reflete um pedido de socorro, de atenção !

O mundo de hoje faz apelos constantes ao consumo, as paixões, ao imediato, ao material, a tudo que nos satisfaz os cinco sentidos. Mas, esquecemos de SER.Onde encontrar o equilíbrio ? Importante conciliarmos os valores reais, aqueles que não se perdem com o tempo, e lembrarmos sempre dos sábios ensinamentos deixados por Jesus “Onde estiver o teu tesouro, aí estará teu coração” , não o músculo cardíaco, mas o cerne, a essência.

 

Temos que buscar o auto conhecimento e descobrirmos para quais valores estamos dando mais força. E perguntarmos intimamente, quais são meus valores reais? Qual o caminho a seguir ? Qual a meta a chegar ? Pois os únicos bens imutáveis, são aqueles constituídos das Leis Naturais que estão impressas em nossas consciências… Nada mais !

Valorizemos a vida, buscando descobrir onde está o nosso tesouro, pois é aí que estará nosso coração !

 

Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião da Casa Espírita Nova Era.


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