Os gastos absurdos de uma guerra

Por Jorge Hessen

Na sociedade contemporânea, identificamos a inegável e avassaladora força do progresso tecnológico nas academias de ciência, na filosofia, na sociologia, na ética, etc. Porém, ficamos atônitos quando sabemos dos gastos vultosos decorrentes do desastrado projeto de guerra contra o Iraque. Os custos para os Estados Unidos com esse conflito, que completou cinco anos no dia 20 de março de 2008, serão superiores aos das guerras da Coréia e do Vietnã: são 400 bilhões de dólares (1), e a fatura total deve ultrapassar os três trilhões de dólares (2), conforme afirma Joseph Stiglitz, que, em 2001, recebeu o Prêmio Nobel de Economia. (3)

Os 05 bilhões de dólares/ano, que os norte-americanos repassam à África, equivalem a, somente, 10 dias de guerra no Iraque. Ficamos estarrecidos quando verificamos que os gastos, com apenas 15 dias de guerra, na terra do Ex-Presidente Saddam Hussein, poderiam erradicar o analfabetismo no Mundo.

A invasão dos EUA ao Iraque fez com que o preço do petróleo aumentasse muito. Antes da guerra, o preço era de 23 a 25 dólares o barril de petróleo. Agora, o preço do barril chega a 100 dólares, o que equivale a mais miséria para os países pobres, mais fome, mais mortalidade infantil, mais consumo e tráfico de drogas.

Atualmente, as pessoas hesitam sair às ruas em quase todas as grandes cidades, em face dos assaltos e outras violências urbanas que têm ocorrido a todo momento. São instantes de muita inquietude e de instabilidade emocional. São milhões de pessoas com algum tipo de transtorno mental, neuroses e índices acentuados de demência; epilepsia e psicose, fato esse que muito tem preocupado os especialistas. Estima-se que em cada grupo de 100 pessoas na Terra, 15 têm grande probabilidade de desenvolver a angústia depressiva.

Não desconhecemos a rejeição que sofrem os países excluídos da tecnologia atual. Impera, nos países ricos, a ganância pelo dinheiro, que atinge patamares surrealistas. A violência, a voracidade pela posse, pelo prazer, tudo isso tem remetido muitos incautos aos pântanos da indigência moral. A cada dia, sucumbem muitos jovens e adolescentes que são comercializados para o mercado da lascívia, algemados nos ambientes regados por alucinógenos e de profunda violência, onde são perpetrados crimes inconcebíveis sob o estímulo da miséria moral.

Hoje somos quase 7 bilhões de pessoas, sendo que 57% estão concentrados, 21% são europeus, 8% são africanos, 4% são americanos. No jogo frio dos números estatísticos sabemos que 6% possuem quase 60% de toda riqueza e (pasmem!) 6% (sim, 6% de 6%) são norte americanos. Considerando que 80% de pessoas vivem em condições sub-humanas, 50% sofrem de desnutrição , 70% não sabem ler, 1% (sim, só 1%) tem educação universitária, 1% possui um computador. Se temos comida na geladeira, roupa no armário, um teto sobre nossa cabeça, um lugar onde dormir, acreditem , somos mais ricos que 75% da população mundial. Nesse dramático contexto, ao Espiritismo está reservada a tarefa de alargar os horizontes das propostas de pacificação nos domínios da alma humana, contribuindo para a solução dos enigmas que atormentam o homem contemporâneo, projetando luz nas questões, quase que indecifráveis do destino e do sofrimento humano.

Ainda que amarguemos os paradoxos de uma suprema tecnologia no campo da informática, da genética, das viagens espaciais, dos supersônicos, dos raios laser, ainda temos que sobreviver com a dengue hemorrágica, com a febre amarela, com a tuberculose, com a AIDS, e com todos os tipos de droga (cocaína, heroína, skanc, ecstasy, o crack, etc.).

Nesse tétrico e real panorama terreno, a mensagem do Cristo é um remédio de inimaginável potencial de cura, sendo o mais eficaz para a redenção humana. Remédio que haverá de penetrar em todas as consciências, como um dia penetrou no desprendimento de Vicente de Paulo, na majestosa solidariedade de irmã Dulce, na bondade de Francisco de Assis, na suprema dedicação de Teresa de Calcutá e no amor de Chico Xavier.

Por muitas razões, devemos contribuir para amenizar a densa psicosfera do Orbe e, para tanto, urge que cultivemos a compaixão e a generosidade. Fazermos algo de bom, em silêncio (que ninguém saiba), por um adversário qualquer, consubstanciando a experiência e o conselho de (Siddhartha) Gautama, o grande Buda.

Precisamos aprender a orar e meditar, porque, quem não medita não se conhece bem, e, nessa atitude evangelicamente proativa, podermos soltar a serena voz, como fez Paulo: "Já não sou quem vive, mas o Cristo é quem vive em mim…" e aguardarmos um mundo mais harmônico e higienizado moralmente, para albergar, carinhosamente, os nossos descendentes.

(*) Nota: Para o leitor ter uma idéia, segue o resumo dos gastos:

$16 bilhões – Quantia gasta mensalmente pelos EUA para manter as guerras no Iraque e Afeganistão.
$138 milhões – Valor pago mensalmente por todas as residências para a cobertura dos custos operacionais da guerra.
$19.3 bilhões – Valor que a empresa Halliburton recebeu por contratos de trabalho no Iraque.
$25 bilhões – Custo anual dos EUA pela alta do preço do petróleo, uma conseqüência da guerra.
$05 bilhões – Custo de 10 dias de luta no Iraque.

Estimativas:

$01 trilhão – Juros que a América irá pagar até 2017 pelo dinheiro tomado emprestado para financiar a guerra. 3% Média da queda de renda de 13 países africanos – resultado direto do aumento dos preços do petróleo. Esta queda de renda suplanta o aumento da ajuda internacional à África. De fato, leitor, os custos da guerra são muito complexos: tratamento de feridos, pensões, funerais, transporte dos corpos de cerca de 4000 militares, só dos que morreram no Iraque.
$03 trilhões – Uma estimativa conservadora do verdadeiro custo, só dos EUA, da aventura de Bush no Iraque. O restante do mundo deverá arcar com o mesmo valor, novamente.

Jorge Hessen
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Site: http://jorgehessen.net 

FONTES:
1- Segundo um relatório do Centro americano de Avaliação Estratégica e Orçamentária (CSBA), um organismo independente, o custo real do conflito no Iraque (com as correções da inflação) é amplamente superior ao da guerra do Golfo de 1991 (88 bilhões de dólares) e está prestes a superar os da guerra da Coréia (456 bilhões de dólares) e do Vietnã (518 bilhões). 2- Stiglitz explica que apenas um sexto da quantia seria suficiente para, por exemplo, resolver todos os problemas de seguridade social nos Estados Unidos pelos próximos 50 a 75 anos. 3- Stiglitz, Joseph & Bilmes Linda J. A guerra de US$ 3 trilhões – O custo real do conflito no Iraque

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Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião da Casa Espírita Nova Era.


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