Pilares espíritas marcam a primeira noite da jornada.

Por Manoel Fernandes Neto

Inny Buch (FOTO) traz reflexões sobre ciência, filosofia e religião para aprimoramento interior.

Com o tema “Ciência e filosofia para alcançar o progresso moral”, a palestra da primeira noite da V Jornada do Conhecimento apresentou algumas conclusões inadiáveis que devem se processar no interior de cada ser espiritual, a saber:

1- Somos espíritos imortais, com o exercício da mediunidade que nos coloca em contato com diversos espíritos, que nos contam como se processa esta Vida que nunca cessa. “Seríamos tolos se não adaptássemos o nosso comportamento a esta realidade”, afirmou Inny.

2- Comprovação da reencarnação por cientistas e pesquisadores, o que nos explicam as vivências passadas, ideias inatas, acumulação de conhecimento, tendências verificáveis, além do aprendizado a cada renascer em um novo corpo. Segundo Inny, se temos acesso a esta realidade da reencarnação, “o comportamento e a reforma moral têm que estar em sintonia com este saber”.

3- Somos arquitetos de nós mesmos, com ciência e filosofia apontando para essa mesma direção. “Depende de mim e do meu esforço ser uma pessoa melhor”, diz Inny, baseada no fato de que a mediunidade nos mostra espíritos nos mais variados graus de entendimento, em sofrimento ou não, a depender de sua atitude.

4- A quarta conclusão diz respeito à matéria. “Quanto mais apegado à matéria, mais sofre o espírito, encarnado ou desencarnado”. Uma evidência disto, segundo Inny, são os espíritos que se comunicam e que se mostram sofredores porque estão presos ao mundo material, propriedades, tesouros, etc. “Seremos mais felizes ao viver a vida material sem perder nossa verdadeira essência divina.”

 

Herculano Pires: O Espírito e o Tempo e o Triângulo de Emmanuel.

Triângulo de Emmanuel

As cerca de 120 pessoas presentes na fria segunda-feira (01.07.2013) à noite acompanharam atentas todo o desenrolar desse raciocínio, que levou a essas conclusões com base em explicações detalhadas do que se convencionou chamar, dentro da Doutrina, de Triângulo de Emmanuel, trazido em uma explanação no livro O Consolador, Emmanuel, e Chico Xavier, págs. 19 e 20:

Podemos tomar o Espiritismo, simbolizado desse modo, como um triângulo de forças espirituais: A Ciência e a Filosofia vinculam à Terra essa figura simbólica, porém, a Religião é o ângulo divino que a liga ao céu. No seu aspecto científico e filosófico, a doutrina será sempre um campo de nobres investigações humanas, como outros movimentos coletivos, de natureza intelectual, que visam ao aperfeiçoamento da Humanidade. No aspecto religioso, todavia, repousa a sua grandeza divina, por constituir a restauração do Evangelho de Jesus Cristo, estabelecendo a renovação definitiva do homem, para a grandeza do seu imenso futuro espiritual.

E Inny, com certeza, trilhou um caminho feito de rochas, como Herculano Pires o fez na obra O Espírito e o Tempo – Introdução antropológica ao espiritismo, que dedica um capítulo inteiro intitulado “Triângulo de Emmanuel”, com reflexões a respeito do tríplice aspecto do Espiritismo:

De um lado, a investigação científica da fenomenologia espírita e a sua interpretação filosófica dão ao homem a segurança do conhecimento positivo da espiritualidade. De outro lado, a prática moral, decorrente dos princípios de uma religião racional, apoiada na ciência e na filosofia, assegura-lhe o futuro espiritual, ao mesmo tempo que lhe garante a tranquilidade no presente material, ou no “agora” existencial. O homem se encontra a si mesmo no triângulo de forças da concepção espírita.

 

 Pitágoras: o amigo da Sabedoria.

Filosofia e bom-senso

E, de uma forma reflexiva, Inny falou durante 60 minutos a um público atento sobre a importância dos três aspectos da doutrina, destacando pontos de cada um.

Em Filosofia, trouxe os primórdios de Pitágoras, como amigo di saber,  exemplos de escolas filosóficas, além de algumas formas de olhar a Filosofia, tais como Filosofia segundo as escolas, Filosofia de teorias pessoais, Filosofia livre, Filosofia perene. Também destacou que na página de abertura de O Livro dos Espíritos está escrito Filosofia Espiritualista, em um “claro direcionamento de Allan Kardec”, segundo Inny.

Citou nesse item Allan Kardec, na conclusão de O Livro dos Espíritos:

Falsíssima ideia formaria do Espiritismo quem julgasse que a sua força lhe vem da prática das manifestações materiais e que, portanto, obstando-se a tais manifestações, se lhe terá minado a base. Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom-senso.

Fenômenos para a Ciência

No aspecto científico, Inny começou com um texto dos estudos sistematizados da FEB:  “O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo.” ( ESE, cap. I, item 5).

 

Jesus: Ensino inatacável..

Nessa linha, falou sobre a natureza dos fenômenos revelados pela mediunidade, a base da ciência espírita, com os seus fenômenos físicos e seus efeitos sensíveis: ruídos, pancadas, suspensão de corpos, materializações, transporte, etc. Além dos fenômenos intelectuais, que nos revelam uma coordenação de pensamento sob vários aspectos: pressentimentos, profecias, músicos, poetas, inspirações, etc.

Inny esplanou que “não basta observar um fenômeno, e a simples observação de um fenômeno, seja ele de que caráter for, ainda não é suficiente para formar uma ciência. É indispensável, pois, que se leve em consideração: a) o fenômeno em si, tal como se apresenta; b) a lei que o rege ou em virtude da qual se dá o fenômeno; c) a relação existente entre o fenômeno observado e outros fenômenos da mesma natureza; d) causa do fenômeno.”

Roteiro divino

No pilar religião Inny falou do “ensino moral” de Jesus, inatacável; o que Jesus deixou como regra do bem viver, inalterável até os dias de hoje. Diz Inny: “É um código divino, em que todas as religiões se encontram, pois é um código de conduta moral, de procedimento, que pode e deve ser seguido até pelos que em nada creem. Estabelece o roteiro básico e infalível das relações sociais.”

Lembrou a questão 621, de O Livro dos Espíritos – “As leis divinas estão inscritas na nossa consciência.” , que estabelece o roteiro básico e infalível das relações sociais.

Para o Espiritismo, religião é análogo a conduta moral, a uma regra de vida e comportamento. “Este religar-se ao divino existente em cada pessoa, através de um comportamento, de uma vivência de contato profundo com sua essência.”

Destacou com ênfase que Espiritismo não é uma religião, no sentido comum da palavra, elencando todas as diferenças daquilo que não faz e não tem o Espiritismo, que garante essa unidade. “Temos que entender que a unidade doutrinária é o aspecto mais importante do Espiritismo. Pode-se entrar em contato com a doutrina, por qualquer um dos aspectos. Mas ela sempre será única no triângulo”, diz Inny.

Ou, como diz Herculano Pires, em O Espírito e o Tempo: “A fé raciocinada do Espiritismo substitui a fé dogmática ou cega das religiões dedutivas.”

Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião da Casa Espírita Nova Era.