“Sim, Deus joga dados”, diz Osny Ramos
Um entrevista com o pesquisador Osny Ramos sobre os meandros da Física Quântica e qual, de fato, pode ser sua influencia na nossa vida. (Por Manoel Fernandes Neto)
Osny Ramos trilhou o caminho de boa parte dos cientistas quânticos. Cético, viveu uma experiência mística e morou durante dois anos em uma montanha, como um ermitão. Tornou-se profundo conhecedor dos pilares da Física Quântica, que estuda há oito anos, mas, principalmente, na aplicação destes conceitos no cotidiano de cada pessoa. No entanto, ressalta que esta aplicação é real, longe de conceitos rasteiros de autoajuda. Prefere construir com observações, estudos e reflexões uma ponte quântica entre esta nova ciência e vários aspectos da sociedade, tais como relacionamentos, carreira e espiritualidade.
Seu perfil é peremptório. Estar na sua presença é mergulhar em novas sensações em torno de um conhecimento ainda rudimentar para a maioria das pessoas, o que para Osny é motivação e entusiasmo em seu discurso, articulado e convincente. Sim, algo está acontecendo e ainda não sabemos bem o que é. E para responder às nossas indagações, Osny bancou a publicação do livro “Física Quântica em nossa vida” (ao lado), que, em uma linguagem acessível, sem ser superficial, traz o assunto para o entendimento popular.
Sem medo de polêmica, Osny encara os desafios de um pesquisador determinado, ao afirmar que foi a “Física Quântica que refutou Einstein!”, ou ainda: “A Física Quântica não precisa do referendo de Einstein para ser verdadeira”.
É graduado em Engenharia Mecânica, bacharel em Filosofia, pós-graduado com especialização em Filosofia da Ciência, mestre em Antropologia Filosófica, e professor de Filosofia e Física Quântica no Instituto de Parapsicologia e Ciências Mentais de Joinville. Há 20 anos estuda e pesquisa a influência dos fótons sobre o psiquismo humano em Psicodinâmica das Cores, e há oito anos estuda a ocorrência de processos quânticos na vida do homem.
Nesta entrevista exclusiva na internet brasileira, porque só recentemente Osny Ramos começou a utilizar este meio para a divulgação de seu trabalho, fala com convicção sobre este tema e completa o título desta entrevista: “Deus joga dados, mas sempre sabe quais os lados que vão cair para cima”.
Com o falatório sobre os fenômenos da Física Quântica, já existem correntes céticas acusando todos os que falam sobre o assunto de serem aproveitadores, de utilizarem pesquisas nos ambientes das micropartículas para se promover, e que é impossível utilizar os mesmos critérios no cotidiano das pessoas. Você, como autor de um livro sobre o assunto, o que comenta sobre isto?
“A Física Quântica em nossa vida” Número de páginas: 247 Para comprar entre em contato: https://www.facebook.com/osny.ramos.5?fref=ts
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Eu já tenho respondido mais de uma dezena de vezes a essa mesma pergunta. Como faço agora, sempre começo dizendo que nós não devemos esperar que o público não especializado acredite nos fantásticos e estonteantes fenômenos que ocorrem na realidade quântica. Pois esses são fenômenos tão fantásticos que o cotidiano intelectual dessas pessoas – no qual se efetiva a maior parte de seu processo cognitivo – não é capaz de oferecer visões ou referências necessárias à sua compreensão. Nem os místicos e religiosos vão tão longe, em suas criações espirituais, quanto às realidades fantasmáticas afirmadas pelos físicos. Primeiramente, devo dizer que se trata de pessoas que não estão lendo sobre Física Quântica ou estão lendo pouco; portanto, eu não devo ser intelectualmente rigoroso com elas, e até poderia desconsiderá-las como interlocutoras sérias para a discussão sobre o assunto. Mas eu escrevi um livro precisamente para o público não especializado, e por isso devo responder à pergunta. Há também aqueles que acreditam que tudo isso seja possível, mas considerado apenas no âmbito da realidade das partículas, e este é o tipo de cético para o qual a minha resposta se dirige, enumerada em 6 diferentes argumentos.
Primeiro Argumento
Há algo importante que primeiramente essas pessoas devem saber sobre Física Quântica, que é o Princípio da Simetria, por meio do qual os físicos acreditam que as leis da Física são válidas em todo o Universo e em todos os tempos, as chamadas simetrias P e T, respectivamente, e isso é comprovado por inúmeros experimentos sobre os quais não há nenhuma dúvida. O assunto da simetria é algo profundo em Física Quântica, difícil de ser compreendido nos estreitos limites da compreensão popular sobre o assunto. Portanto, assim como é embaixo é em cima, podemos citar este antigo apotegma taoísta para ilustrar o princípio simétrico de que assim como é na realidade das partículas é na realidade humana.
Segundo Argumento
Mas o argumento clássico para fundamentar cientificamente a ideia de que as leis quânticas são válidas também para a realidade humana, é a consideração de que o universo físico e suas leis surgiram de uma realidade quântica. De um grão microscópico de energia com o tamanho de uma Dimensão de Planck, que existia antes do Big-Bang, algo tão pequeno quanto 1 milionésimo de 1 trilionésimo de 1 trilionésimo de 1 trilionésimo de centímetro!!! Nessa energia primordial, as 4 leis físicas com as quais o Universo foi construído – Força de Gravidade, Força Eletromagnética, Força de Interação Forte, Força de Interação Fraca – estavam unificadas numa simetria primordial. Porém, durante o período de 1 centésimo de milionésimo de segundo que durou a expansão inflacionária, ocorreu a quebra de simetria e essas 4 forças passaram a atuar separadamente, para construir a realidade física em que vivemos atualmente. Nessa matriz quântica, a realidade física e suas leis tiveram a sua origem, inclusive as leis que regem a realidade humana. Assim, do mesmo modo que o relógio funciona por meio das leis utilizadas pelo relojoeiro, no seu fundamento físico mais essencial o Universo era uma realidade quântica, de onde surgiram as leis que regem a realidade humana em que nós vivemos.
Terceiro Argumento
Há algo mais, ainda. No Experimento da Fenda Dupla – uma experiência emblemática em Física Quântica – fica comprovado que há uma interação algo psíquica entre a partícula que está sendo estudada e a intenção do experimentador. Neste experimento, a mente do experimentador participa da fenomenologia quântica e lhe altera o resultado, assim ficando evidenciado que a realidade quântica – a partícula é uma realidade quântica – atua sobre a realidade humana e vice-versa.
Quarto Argumento
Para que o átomo possa existir em seu estado fundamental – estado de mínima energia ou estado fundamental – é necessário considerar que os elétrons que giram ao redor do seu núcleo estejam condicionados pelo princípio do quantum de energia, segundo o modelo de Niels Bohr. Pois somente assim fica explicado o mistério da ruptura que o estado fundamental do átomo faz com as leis do eletromagnetismo, segundo as equações de Maxwell. Portanto, para que existam corpos físicos como o corpo do homem, por exemplo, é preciso que existam moléculas e átomos. Mas os átomos somente existem por causa do princípio quântico. Logo, sem o princípio quântico não poderia existir a realidade física nem a realidade humana. Eu até poderia anuir com esses céticos, desde que eles então dessem outra explicação para a existência de átomos violando as leis do eletromagnetismo.
Quinto Argumento
Entre os biofísicos, é sabido que as células vivas se comportam como um dipolo elétrico, isto é, elas vibram emitindo radiação eletromagnética ou fótons. Verifica-se, também, que essas células vivas apresentam spin, uma espécie de movimento de rotação apresentado pelas partículas. Estando relacionada com fótons e spins, isso já é suficiente para vincular a célula ou a vida aos processos quânticos. Porém, o mais admirável é o fato de os spins estarem relacionados com a saúde e a doença. Quando a célula se encontra doente, o seu spin gira para a esquerda, e quando se trata de uma célula sadia, o giro do seu spin é para a direita! É impossível, destarte, negar que os estados de saúde e doença não sejam influenciados pelas leis quânticas da Física das Partículas.
Sexto Argumento
Essas coisas fantásticas sobre fenômenos quânticos que acontecem na realidade humana, que ouvimos nos falatórios das avenidas e logradouros, não são ilações dos autores de livros sobre Física Quântica, mas são coisas afirmadas por respeitáveis senhores encanecidos. de olhar grave, ostentando profundas olheiras produzidas por longos períodos de estudos, ganhadores de Prêmio Nobel! Quando alguém duvida das coisas que escrevemos nesses livros, necessariamente, então, é preciso duvidar também desses senhores ganhadores de Prêmio Nobel, e certamente isso é algo que eles não fariam.
Vou insistir no assunto: até que ponto os fenômenos quânticos podem ser “vividos” longe dos laboratórios de pesquisa?
Se a resposta dada à primeira pergunta ficou clara, esta segunda pergunta não tem sentido, pois na medida em que existimos, nós vivemos os fenômenos quânticos. É o mesmo que perguntar: Até que ponto os fenômenos celulares podem ser “vividos” longe dos laboratórios de pesquisa? Células são feitas de moléculas, que são feitas de átomos, que são feitos de partículas, que são estruturadas com leis e princípios quânticos. A superestrutura é aquilo que é a infraestrutura. Nas livrarias encontram-se excelentes livros escritos por físicos respeitáveis, sobre a fundamentação de muitos aspectos da realidade humana em princípios de Física Quântica. Mas é preciso ler esses livros, informar-se sobre a Física das Partículas atuando em nossa vida. Eu escrevi um livro precisamente para informar sobre isso: A Física Quântica em nossa Vida. A nossa cultura peculiar – a cultura do homem brasileiro – é típica por fazer juízos sobre coisas que não conhece, e neste processo joga-se fora o feto juntamente com a placenta.
Como se processou, no seu íntimo, o contato com realidades metafísicas? Você pode falar brevemente de sua história até atingir seu atual estágio de conhecimento quântico?
Nunca deixo de me admirar como foi possível que em minha vida pudesse existir uma fase em que fui um agnóstico perigoso. Um agnóstico perigoso é aquele capaz de fazer discípulos! Então eu era um jovem engenheiro recém-formado, deslumbrado com as coisas admiráveis que a racionalidade clássica e o formalismo matemático da ciência eram capazes de explicar. Todavia, eu também tive a minha Estrada de Damasco, figurada pelo topo de uma montanha onde eu vivi durante 2 anos, em meditações profundas ao meio-dia e ao entardecer. Vivendo ao modo de um eremita, num ranchinho de chão batido e coberto de palha, e de onde desci com a barba negra crescida e longos cabelos caindo pelo ombro, já sendo conhecido pelo povo da região como o Eremita da Montanha.
Das fantásticas experiências psíquicas que experimentei na montanha, o homem ateu que subiu a montanha de lá desceu como um metafísico espiritualista. Desde então eu me abri intelectualmente para as realidades ontológicas mais rarefeitas das nossas experiências, inapreensíveis pela lógica das causalidades utilizada pela racionalidade clássica da ciência tradicional. Mais tarde, depois de 20 anos estudando o poder psíquico das cores com base na fenomenologia do fóton refletido – resultando na produção de dois livros sobre o assunto das cores – minha mente tomou contato com os processos da Física Quântica, pois o fóton é o elemento quântico mais emblemático representativo da Quantística.
Se você fica muito tempo mexendo com flores, o perfume delas acaba ficando em suas mãos. Assim também ocorre com a Metafísica da Luz: quem fica muito tempo estudando a natureza do fóton, acaba ficando por muito tempo pertinho de Deus. O fóton ou luz é a realidade física mais espiritual, a única partícula que é eterna e não possui massa. Entre a luz e Deus fisicamente nada mais existe! Este convívio com o fóton, agora intensificado com os meus estudos em Física Quântica, consolidou em mim a condição de homem metafísico espiritualista, sem ser místico. No curso de Física Quântica que eu ministro a distância (o leitor não deveria deixar de fazê-lo) essas fantásticas experiências psíquicas são narradas com detalhes.
Muitos afirmam que Einstein criticou a Física Quântica nas três últimas décadas de sua vida, e que por esse motivo ela não tem a credibilidade necessária. A pergunta é a seguinte: quanto tempo ainda pode demorar para se ver a inserção deste novo paradigma na ciência?
Desde o início, e não apenas no fim da sua vida, Einstein foi contrário aos postulados da Física Quântica. Mas é preciso esclarecer que ele não rejeitou a realidade dos processos quânticos, solidamente verificados por seus colegas físicos. Ele apenas achava que esses processos eram aspectos ainda desconhecidos da Física, que poderiam ser mais bem conhecidos por um estudo mais profundo da realidade. Einstein não aceitou os chamados saltos quânticos do átomo, propostos por Niels Bohr, para quem ele respondeu que Deus não joga dados! O fato é que, efetivamente, os saltos quânticos existem e assim, de fato, Deus joga dados, mas sempre sabe quais os lados que vão cair para cima. Assim podemos arrematar em boa Física Quântica e em boa Teologia. Foi a Física Quântica que refutou Einstein!
Não é verdade que, por causa da incredulidade de Einstein, a Física Quântica não tem credibilidade científica. Por Deus, isso não é verdade! Uma pessoa cientificamente informada sabe que a Física Quântica cada vez mais se afirma como a última expressão da ciência. Quando, em 1929, Edwin Hubble provou que o Universo está em expansão, esta descoberta refutou a teoria einsteiniana de um universo estático. Para salvar a sua teoria, Einstein havia inventado uma constante cosmológica, colocada à mão na sua equação, para deste modo fazer o Universo permanecer estático. Mais tarde, no fim de sua vida, Einstein confessou que a constante cosmológica havia sido o maior erro de sua vida. Mas nem por isso devemos jogar fora o feto juntamente com a placenta, e o grande físico alemão não perdeu seu valor por causa deste erro. A Física Quântica não precisa do referendo de Einstein para ser verdadeira. A Física Quântica não é um construto teórico inventado pelos físicos; antes de Max Plack ter topado com o quantum da energia, em 1901, as leis e os princípios quânticos já estavam lá, na natureza, mesmo antes que houvesse intelectos para afirmá-los ou negá-los. A Física Quântica é uma revelação da natureza para um espírito que efetivamente quer conhecê-la em sua essência!
Toda mudança de paradigma é precedida por um período de revolução epistemológica, quando então temos de conviver com espantos e perplexidades intelectuais. Este é atualmente o período por que passa a Física Quântica. Por isso mesmo, eu tenho insistido, em meu livro, sobre a necessidade da humildade intelectual do físico quântico, em travar diálogos com todos os setores pensantes da sociedade, inclusive com o conhecimento místico e religioso. Pois a Física Quântica é essencialmente uma física de probabilidades, onde tudo é suscetível de existencialidade. Desde Eugene Wigner, Nobel de Física, vem se afirmando, nos setores de vanguarda da Física Quântica, a ideia de que o fundamento último da realidade é uma grande consciência, e que o Universo e suas coisas foram planejados por uma intencionalidade oculta, que os físicos chamam de Princípio Antrópico. Tem um bocado de gente que desde o princípio do mundo chama isso de Deus!
Tem sido objeto de muita insistência minha deixar claro que a Física Quântica nada de novo apresenta: a sua contribuição é mostrar cientificamente que as coisas estranhas que achávamos absurdas na boca dos místicos e religiosos, agora podem ser admitidas como sendo verdadeiras. E sem precisarmos ser místicos ou religiosos, para os que são intelectualmente preconceituosos. Daí porque a Física Quântica desde sempre já ter garantido o seu paradigma de verdade afirmado pelos povos das diferentes épocas e lugares; afirmado pelas pessoas intelectualmente simples, das avenidas e dos logradouros, das igrejas e das barbearias…
Em seu verdadeiro fundamento mais essencial, a Física Quântica nos informa sobre a estrutura da realidade, ali onde há fenômenos e processos. Mesmo que se trate daqueles fenômenos chamados paranormais ou espirituais, dos quais a racionalidade clássica newtoniana da lógica das causalidades sempre manteve um exagerado e preconceituoso distanciamento intelectual. Agora, quando o rigor metodológico dos experimentos científicos comprova a interação entre as partículas observadas e a mente do observador, e a consciência parece fazer parte do substrato ontológico da realidade física, impõe-se inevitavelmente que a Física Quântica tenha o seu ponto de chegada numa Ontologia da Consciência. E que, deste modo, se apresente aos espíritos epistemologicamente abertos também como uma ciência da espiritualidade.
Foi precisamente este o objetivo que eu tinha em mente quando escrevi A Física Quântica em nossa Vida: interpretar, para o público não especializado, o significado das leis e dos princípios quânticos. E sempre com fidelidade ao espírito da ciência, explicando como eles atuam sobre a realidade do cotidiano do homem, para em seguida mostrar como é possível utilizá-los na vida prática, de segunda-feira a segunda-feira, direcionados para a produção de contextos favoráveis à concretização dos nossos projetos e atividades. No mundo inteiro ainda não se tem notícia de outro livro escrito com este objetivo, preservando a identidade cientifica.
Fale-nos um pouco mais do seu livro “A Física Quântica em nossa Vida”. Como está sendo sua repercussão e aceitação pelas pessoas? O que o levou a conceber a obra? Qual o seu processo criativo em um assunto tão, digamos, espinhoso?
Em língua portuguesa, atualmente, são publicados excelentes livros sobre Física Quântica, escritos por físicos com grande conhecimento sobre o assunto – talvez uma dezena de títulos encontre-se disponível nas nossas livrarias. Esses livros contêm tudo o que é preciso saber, para se ter uma boa compreensão sobre as leis e os princípios quânticos. Todavia, depois de terem lidos esses livros, tem sido comum ouvir as pessoas dizerem que não entenderam patavina, e o assunto sobre Física Quântica continua a ser grego para elas. Isso é compreensível, pois é extremamente difícil falar sobre a realidade quântica e seus processos, e mais difícil se torna quando se trata de falar para um público popular. Meu livro foi escrito para esse público popular; para o indivíduo dos cotidianos intelectualmente simples das avenidas e dos logradouros, numa linguagem clara e compreensível.
Nesse livro as leis e os princípios quânticos são interpretados em seus significados essenciais, de um modo fiel ao espírito da Física Quântica. Em seguida é explicado como essas leis e princípios podem ser utilizados na vida real das pessoas, para produzir contextos favoráveis e concretizar projetos e atividades. Diferenciando-se completamente desses ensinos com o nome de autoajuda, o livro orienta as pessoas em como adotar atitudes e comportamentos capazes de sintonizá-las com as leis e os princípios da Física Quântica. Em síntese, o livro demonstra que em seu fundamento mais essencial a Física Quântica mostra um fundamento metafísico e espiritual da realidade, porém sem misticismo ou religiosidade, isso é importante ressaltar.
Qual a relação entre Física Quântica e Espiritualidade? Como você pode comentar isto?
Quando o físico Frances Louis de Broglie descobriu que as partículas possuíam também uma dimensão ondulatória, além de uma dimensão corpuscular, a realidade cósmica passou a ser compreendida apenas como uma parte bastante pequena de uma grande totalidade invisível. A ideia de que algo pudesse existir concomitantemente como partícula e como onda era extremamente difícil de ser aceita pela comunidade dos físicos, pois ela exigia uma ruptura com paradigmas da Física Clássica. Pois nessa sua dimensão ondulatória as partículas podem existir fora do tempo e do espaço, não estando sujeitas aos condicionamentos impostos nem pelas leis da Física nem pelo Princípio de Causalidade. Era necessário admitir um fantástico modo de existência para as partículas, inimaginável até mesmo pelos místicos e religiosos. Niels Bohr ganhou um Prêmio Nobel ao explicar como isso é possível, ao formular o seu famoso Princípio de Complementaridade.
As consequências advindas da Mecânica Vibratória de Louis de Broglie e do Princípio de Complementaridade para a realidade cósmica em que todos nós vivemos são tão fantásticas que chegam a ultrapassar, em nível de transcendência, tudo aquilo que os místicos e religiosos afirmavam sobre a realidade espiritual da alma do homem. Se você ler dois textos, um sobre mística e outro que trate sobre as possibilidades da realidade quântica, não será capaz de distinguir entre um e outro. Existem alguns experimentos clássicos em Física Quântica que comprovam isso, como o Efeito de Não Localidade, O Experimento da Fenda Dupla, a Correlação Quântica, por exemplo. Ademais, quando você adquire uma lúcida compreensão de certos conceitos em Física Quântica, como o de Função de Onda, Colapso da Função de Onda, Correlação Quântica, Emaranhamento Quântico, Princípio Antrópico, em especial, é intelectualmente impossível não admitir um substrato metafísico para a realidade física, um substrato como que psíquico, como que espiritual.
O Princípio de Simetria diz que as leis da Física Quântica são válidas também para a macrorrealidade, e, portanto, para a realidade humana. Em meu livro faço uma análise profunda do Princípio de Simetria, colocando em realce as evidências que comprovam que tudo o que acontece no mundo das partículas acontece também na realidade humana. Quando utilizamos a ideia de simetria consoante o Princípio da Complementaridade, o fundamento ondulatório da realidade passa então a lhe conferir um irrefutável substrato metafísico, em nada sendo menos imponderável do que um substrato de espiritualidade.