Sonhos de mãe: Safiya Hussaini
Safiya Hussaini, 37 anos, mulher, negra, pobre, nigeriana. Aquela é uma mulher sofrida. Mãe de 9 filhos, dos quais perdeu 5 para a malária, vive na casa do velho pai, na mais completa miséria. Analfabeta e ignorando as leis que deveria obedecer, fôra condenada à morte por apedrejamento, no ano de 2001. Qual foi o seu crime? A gravidez fora do casamento. Safiya deu à luz uma menina chamada Adama. A condenação era fato, e a pena estava prescrita: Safiya seria enterrada até à altura das axilas, e depois seria apedrejada até à morte. No entanto, a lei estabelece que para a execução é preciso esperar que a criança seja desmamada. Enquanto a mãe amamentava a criança, houve tempo para que pessoas de todo o mundo se mobilizassem para impedir a execução cruel. Algum tempo depois, uma defesa bem elaborada por vários advogados, conseguiu que o supremo tribunal da Nigéria absolvesse aquela mulher-mãe. Quatro anos depois, ao ser entrevistada por uma rede de televisão brasileira, Safiya falava, com certo pesar: “perder os filhos foi a coisa mais triste da minha vida, muito mais doloroso do que a ameaça de morte por apedrejamento.” A nigeriana conta que o medo era seu companheiro inseparável, e que pensava principalmente na filha pequena, que ficaria sozinha se ela morresse apedrejada. Como a sua história foi notícia no mundo inteiro, comoveu pessoas de bom coração que enviaram recursos para que Safiya pudesse construir uma casa para viver com os filhos. A construção singela ficou pela metade porque os recursos acabaram, mas o sonho daquela mãe ainda está vivo. O sonho é simples e não custa muito: ter uma casinha para viver tranqüilamente com seus filhos. Adama, já com quatro anos, aconchegada ao colo da mãe diante das câmeras, nem suspeitava que havia sido a causa de tudo. Safiya, uma mãe como tantas outras. O amor pelos filhos acima do próprio sofrimento e da ameaça de morte. Ser mãe é uma condição que traz algo em comum em qualquer lugar do mundo, não importando a nacionalidade, a cor, a posição social. E esse algo mais é o amor pelos filhos. Um coração de mãe é esse santuário seguro onde os filhos encontram refúgio, incondicionalmente. Nem a penúria, nem a desgraça, nem o pavor da morte, podem extrair de um coração de mãe esse sentimento chamado amor. Um coração de mãe é a mais sublime harpa viva, de onde se pode ouvir as mais belas canções de ninar… Os mais belos poemas de ternura… A mais encantadora melodia de amor e dedicação. Um abraço de mãe é o mais tranqüilo aconchego que se pode almejar… É o laço de afeto que afugenta o medo, desfaz a tristeza, traz segurança e atrai a esperança… A abnegação de mãe é a força capaz de modificar o mundo, de reconstruir jardins devastados pela invernia, restaurar corações quebrados e fazer brilhar a luz onde a noite ameaça… Na figura de Safiya, a mãe pobre da Nigéria, maltratada pelos açoites da dor, pelo preconceito, pela penúria extrema, desejamos fazer uma singela homenagem a todas as mães do mundo… Mães de filhos ausentes… Enfim, nossa homenagem sincera a todas as mães da face da terra, mães de todas as raças, de todas as cores, de todas as crenças, de todas as idades… Mães apenas. Fonte: Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em reportagem feita pela Rede Globo de Televisão, apresentada no programa Fantástico, no dia 24/05/2005. |