VIII – Estudos Futuros

Por Herculano Pires

Este, em linhas gerais, o livro que a 18 de abril deste ano (1) completou cem anos, e cujo primeiro centenário foi celebrado em todo o mundo civilizado, pelos adeptos do Espiritismo. Sua estrutura, como se vê, o coloca entre os tratados filosóficos, e seu conteúdo se relaciona com todos os aspectos fundamentais do conhecimento. Sua simplicidade aparente é tão ilusória como a da superfície tranqüila de um grande rio.

Como no "Discurso do Método", de Descartes, a clareza do texto pode enganar o leitor desprevenido. As coisas mais profundas e complexas aparecem na linguagem mais direta e simples, e a compreensão geral do livro só pode ser alcançada por aquele que fôr capaz de apreender todos os nexos entre os diversos assuntos nele tratados.

Até hoje, cem anos depois de sua publicação, "O Livro dos Espíritos" vem sendo lido e meditado, no mundo inteiro, mas pouco se tem cuidado de analisá-lo em suas múltiplas implicações e em sua mais profunda significação. Acreditamos que o segundo século do Espiritismo, que se iniciou neste ano, será assinalado por uma atitude mais consciente dos próprios espíritas em face deste livro, e que estudos futuros virão revelar, cada vez de maneira mais clara, o seu verdadeiro papel na história do conhecimento.

Para concluir, lembremos que sir Oliver Lodge, o grande físico inglês, uma das mais altas expressões de cultura científica do nosso tempo, considerou o Espiritismo, no seu livro sobre "A imortalidade pessoal", como "uma nova revolução copérnica". E Leon Denis, o sucessor de Kardec, legítima expressão da cultura francesa, proclamou no Congresso Espírita Internacional de Paris, em 1925, e no seu livro "Le Genie Celtique et le Monde Invisible", de 1927, que o Espiritismo tende a reunir e a fundir, numa síntese grandiosa, todas as formas do pensamento e da ciência.

Capítulo da introdução redigida por Herculano Pires para o "O Livro dos Espíritos", por ocasião da edição especial da LAKE, comemorativa do centenário da obra, em 18 de abril de 1957. 

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