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Está aberto o debate da face rustenista de Emmanuel.

Sergio Aleixo
Escritor e palestrante espírita. Vice-presidente da Associação de Divulgadores do Espiritismo do Rio de Janeiro.

Afinal, onde se esconderia o suposto verdadeiro Emmanuel? Dizem alguns que nada é culpa dele. Sua principal editora lhe haveria deturpado as obras, os problemas que não se devem ao rustenismo da F.E.B. seriam do médium Chico Xavier… E por aí vão as mais complexas teorias de conspiração.

O que sobra, portanto, de tão extraordinário, que estimule uma jornada por dezenas de suas obras, em meio aos mais absurdos desvios doutrinários ali presentes?[1] Será que vale a pena fazer tanto caso do que esse espírito “tentou ditar”? Um Espírito Superior viria à Terra em missão e ficaria assim, prisioneiro de um médium omisso, que não lhe teria defendido os ditados e que, noutros casos, haveria interferido tanto a ponto de deturpá-los diametralmente?

Não é uma temeridade insistir na citação de seus supostos acertos? Que acertos? As infindáveis lições de moral? Moral essa o tempo todo contrarreformista, inimiga da crítica, palavra que ele, pela F.E.B. ou por outras editoras, sempre associou a discussões inúteis, perturbações de gente que não ama e não trabalha no bem? Essa seria uma moral cristã? Mais ainda, uma moral espírita?

Na verdade, Emmanuel continua um jesuíta de ofício e um pseudossábio padrão. Só há lições naquele mesmo tom inicial dos antigos livrinhos para “preparação de ambiente”; hoje, verdadeiros mantras para formar espíritas apáticos, quase manuais do fabricante, a ser lidos pontualmente, antes de mais nada, na maior parte das reuniões espíritas de todo o País e até do exterior. Valha-nos o Espírito de Verdade!

O fato é que, quanto mais aprofundarmos o emmanuelismo, mais a sua incompatibilidade com o Espiritismo se evidenciará. Devemos seguir Herculano Pires e não ter medo de mudar. Se não, vejamos:

De uma vez por todas, é preciso que usemos a cabeça, comparando as tolices ramatisianas, feitas para ridicularizar a doutrina, com as páginas equilibradas e os ensinamentos sensatos da codificação, bem como de Emmanuel, de André Luiz, de Hilário Silva e outros mensageiros do Alto.[2]

O Espiritismo estaria sujeito à mais completa deformação, se os espíritas se entregassem ao delírio dos caçadores de novidades. André Luiz manifesta-se como um neófito empolgado pela doutrina, empregando às vezes termos que destoam da terminologia doutrinária e conceitos que nem sempre se ajustam aos princípios espíritas.[3]

De “mensageiro do Alto”, cujas obras, inicialmente, recomendava ao lado dos livros da própria codificação, André Luiz foi rebaixado por Herculano Pires a simples “neófito empolgado”, em cujos trabalhos o mestre paulista passou a identificar termos e conceitos destoantes de Kardec. Evidentemente, isso foi ocasionado por uma releitura, por um aprofundamento crítico bem próprio dos que se revisam constantemente. Palmas para ele. Ora! Quem fez os prefácios a André Luiz? Justamente Emmanuel. Prefaciar um neófito empolgado que destoa de Kardec não é lá uma grande glória. A hora de o jesuíta enfrentar a crítica de Herculano estava chegando. Mas outros afazeres chamaram o filósofo de Avaré ao seu mundo ideal.

[1] Kardec Versus Emmanuel em 12 Passos: http://ensaiosdahoraextrema.blogspot.com/2011_06_12_archive.html.
[2] O Infinito e o Finito. Cap. 37.
[3] Vampirismo. Cap. II.

 

Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião da Casa Espírita Nova Era.


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