Warner Sallman: o homem que pintou o rosto de Cristo

publicado em artes e ideias por Jéssica Parizotto em 4 abr 2011

Façamos um teste. Feche os olhos e imagine a figura de Cristo. Que imagem lhe vem primeiro à mente? Provavelmente, Warner Sallman ficaria orgulhoso da sua resposta! O responsável pela obra de arte mais popular já produzida criou mais que uma obra: criou um imaginário coletivo.

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Quando nós pensamos no rosto de Cristo, vem a nossa mente a imagem de um homem jovem, com cabelos na altura dos ombros, barba um pouco longa e olhos azuis. Devemos muito dessa imagem a Warner Sallman.

Em 1924, Sallman era um jovem ilustrador e prestava serviços para algumas publicações religiosas. Uma dessas publicações lhe pediu que desenhasse a face de Jesus para ilustrar uma capa. O desenho foi feito a carvão e intitulado “O Filho do Homem”. Após a publicação, a imagem tornou-se muito popular, sendo encontrada em diversas casas, igrejas e escolas como objeto de decoração. Foi a partir dela que, em 1940, o artista pintou a óleo uma das obras de arte mais reconhecidas e reproduzidas no mundo, “A Cabeça de Cristo”. Estima-se que já tenha sido reproduzida 500 milhões de vezes.

Depois que o desenho inicial se transformou na pintura, nasceu a figura de Cristo com cabelos louros e olhos azuis que está tão enraizada na cultura religiosa ocidental. O artista reproduziu o que para muitas pessoas é a imagem de um Jesus Cristo sereno e amigo. Ela fez tanto sucesso que foi usada para os mais diversos produtos religiosos, materiais institucionais, artigos para presentes, relógios, luminárias, broches, Bíblias, entre outros.

Impressionados com a resposta do público, os editores de Sallman pediram que pintasse outras cenas do Nazareno, mas sempre com as mesmas características da primeira obra: Jesus retratado com um rosto sereno e cercado de luz. Assim Sallman produziu outras imagens que também obtiveram sucesso, mesmo que em menor escala, como “O Senhor é meu Pastor” e “Cristo na Porta do Coração”.

A Segunda Guerra Mundial também contribuiu para a difusão da obra “A Cabeça de Cristo”. Algumas organizações religiosas distribuíam aos soldados que partiam dos EUA para a Europa e a Ásia versões de bolso da imagem. Assim, milhões de cópias foram levadas para as mais diversas partes do mundo.

Um dado curioso sobre a pintura de Warner Sallman: ela alcançou tanta popularidade que mesmo alguns protestantes, que historicamente têm resistência ao uso de imagens, contavam com um exemplar em suas casas ou nas salas de evangelização das crianças.

Apesar de ser extremamente aceita pelo público, a obra não deixa de levantar polêmica ao retratar Jesus Cristo de olhos claros e pele igualmente clara. Alguns pesquisadores afirmam que é quase impossível que Cristo tivesse esse tom de pele e semelhanças físicas com o da pintura. Não há indícios bíblicos ou documentais que comprovem ou refutem a afirmação, mas estudiosos insistem que, levando-se em conta a origem geográfica, entre outros fatores, é muito provável que o filho de Maria tivesse a pele num tom mais escuro, assim como os cabelos e os olhos.

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A ideia de um Jesus de pele clara surgiu na Idade Média quando as cores escuras possuíam conotação muito negativa. Alguns pesquisadores concordam que o avanço do Cristianismo pela Europa contribuiu para a difusão dessa ideia, já que é uma inclinação humana atrair-se por pessoas que se pareçam consigo. “A cabeça de Cristo” pode representar neste contexto o extremo dessa ideia.

Polêmicas a parte, o que não se pode negar é o alcance que o retrato teve, ultrapassando em popularidade obras de artistas consagrados como Pablo Picasso e Andy Warhol. Sallman faleceu em 1968, mas seu legado persiste tanto nas contínuas reproduções das suas obras quanto no imaginário de cristãos pelo mundo afora.

Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião da Casa Espírita Nova Era.


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