Espiritismo e nós

Emmanuel

“Se me amardes, guardareis os meus mandamentos.” — JESUS (João, 14.15)

“O Espiritismo vem realizar, na época prevista, as promessas do Cristo. Entretanto, não o pode fazer sem destruir os abusos.” — Cap. XXIII, 17

Todas as religiões mantêm retiros e internatos, organizações e hierarquias para a formação de orientadores condicionados, que lhes exponham as instruções, segundo o controle que lhes parece conveniente.

A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo puro, é a religião do esclarecimento livre.

Mas se nós, os espíritas encarnados e desencarnados, situarmos nossas pequeninas pessoas acima dos grandes princípios que a expressam, estaremos muito distantes dela, confundidos nos delírios do personalismo deprimente, em nome da liberdade.

Todas as religiões amontoam riquezas terrestres, através de templos suntuosos, declarando que assim procedem para render homenagem condigna à Divina Bondade.

A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo puro, é a religião do desprendimento.

Entretanto, se nós, os espíritas encarnados e desencarnados, encarcerarmos a própria mente nas hipnoses de adoração a pessoas ou na ilusão de posses materiais passageiras, tombaremos em amargos processos de obsessão mútua, descendo à condição de vampiros uns dos outros, gravitando em torno de interesses sombrios e perdendo a visão dos Planos Superiores.

Todas as religiões cultivam rigoroso sentido de seita, mantendo a segregação dos profitentes.

A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo puro, é a religião da solidariedade.

Contudo, se nós, os espíritas encarnados e desencarnados, abraçarmos aventuras e distorções, em torno do ensino espírita, ainda mesmo quando inocentes e piedosas, na conta de fraternidade, levantaremos novas inquisições do fanatismo e da violência contra nós mesmos.

Todas as religiões sustentam claustros ou discriminações, a pretexto de se resguardarem contra o vício.

A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo puro, é a religião do pensamento reto.

Todavia, se nós, os espíritas encarnados e desencarnados, convocados a servir no mundo, desertarmos do concurso aos semelhantes, a título de suposta humildade ou por temor de preconceitos, acabaremos inúteis, nos círculos fechados da virtude de superfície.

Todas as religiões, de um modo ou de outro, alimentam representantes e ministérios remunerados.

A Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo puro, é a religião da assistência gratuita.

No entanto, se nós, os espíritas encarnados e desencarnados, fugirmos de agir, viver e aprender à custa do esforço próprio, incentivando tarefeiros pagos e cooperações financiadas, cairemos, sem perceber, nas sombras do profissionalismo religioso.

Todas as religiões são credoras de profundo respeito e de imensa gratidão pelos serviços que prestam à Humanidade.

Nós, porém, os espíritas encarnados e desencarnados, não podemos esquecer que somos chamados a reviver o Cristianismo puro, a fim de que as leis do Bem Eterno funcionem na responsabilidade de cada consciência.

Exortou-nos o Cristo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” ( † ) E prometeu: “Conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres.” 

Proclamou Kardec: “Fora da caridade não há salvação.” ( † ) E esclareceu: “Fé verdadeira é aquela que pode encarar a razão face à face.”

Isso quer dizer que sem amor não haverá luz no caminho e que sem caridade não existirá tranquilidade para ninguém, mas estes mesmos enunciados significam igualmente que sem justiça e sem lógica, os nossos melhores sentimentos podem transfigurar-se em meros caprichos do coração.

.Emmanuel

(Reformador, outubro 1962, p. 223)

Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião da Casa Espírita Nova Era.


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