O espírita, a crítica e a divergência
Divergir e criticar ideias e posturas de espiritas não significa que estejamos necessariamente certos ou errados.
Pedro Camilo
Nós, os espíritas, precisamos aprender a lidar com a crítica e a divergência de maneira menos assombrosa e com menos melindre; sem paixão e com sentimento fraterno.
É fato perfeitamente natural, sobretudo para aqueles que assumem papel de destaque em qualquer movimento humano, que suas ideias e posturas sejam alvo tanto da concordância, quanto da discordância. Aceitar ou não aceitar são possibilidades abertas e caminhos inevitáveis, e entender isso é fruto de uma maturidade que todos precisamos construir.
Discordar ou criticar determinada ideia ou postura, deste ou daquele escritor, palestrante ou médium, não significa, necessariamente, destituí-lo da posição que ocupa. Não é um “atentado” contra a pessoa, mas apenas pensar, sentir e querer de modo diferente. É acontecimento perfeitamente natural, humano e necessário em nosso aprendizado evolutivo.
É possível, sim, discordar do que alguém diz e manter saudável convivência, conservar respeito, alimentar carinho e concordar em outras tantas coisas com essa mesma pessoa. De minha parte, sinto-me completamente à vontade para:
– Discordar de algumas ideias da médium Yvonne Pereira, embora conserve, por ela, o mais profundo amor e trabalhe pela divulgação de sua vida e de sua obra;
– Discordar de algumas posturas de Dora Incontri, nada obstante a grande amizade que nos une e a admiração pelo seu trabalho de vanguarda;
– Discordar de ideias de Divaldo Franco, sem com isso deixar de respeitar seu trabalho ou de reconhecer seu valor, como tribuno, médium e ativista social;
– Discordar de ideias e posturas de Chico Xavier, sem que isso signifique negar o inestimável serviço que sua vida e sua obra prestaram – e ainda prestam – ao Espiritismo e a milhares de pessoas, também aprendendo muito com todo seu trabalho.
Outros tantos poderiam ser citados, aqui, em relação a quem nutro sentimentos de respeito e estima, mas com os quais possuo divergências doutrinárias. Contudo, acredito que as indicações são suficientemente claras para que se possa entender que É POSSÍVEL DIVERGIR DE IDEIAS, TECER CRÍTICAS E, AINDA ASSIM, PRESERVAR, AMAR, RESPEITAR E CONVIVER COM AS PESSOAS.
Divergir e criticar ideias e posturas não significa que estejamos necessariamente certos ou errados. É tão somente consequência do fato de sermos capazes de livremente pensar e decidir – e qualquer um que pretenda suprimir esse direito, seja de quem for, demonstrará que bem pouco compreendeu sobre aquilo que estamos fazendo “aqui”.