O Centro Espírita e a carência espiritual da criatura humana

Por Xerxes Pessoa de Luna

Humanidade vive atualmente um estágio do desenvolvimento tecnológico até então só concebido nas ficções científicas e nas mentes dos visionários futuristas. Sem dúvida alguma este patamar do avanço científico responde por inúmeros benefícios no âmbito do conforto, saúde, entretenimento e prazer da criatura humana.

Por outro lado, os avanços no campo do aprimoramento espiritual não galgaram o mesmo patamar alcançado no domínio do conhecimento da matéria, haja vista essa mesma criatura, em nível íntimo, encontrar-se, na maioria das vezes, insatisfeita, solitária, aflita, angustiada e em constante conflito existencial, decorrente de uma carência acentuada de amor, aconchego, afetividade e respeito ético-moral.

A Doutrina Espírita, em face de sua natureza consoladora e reveladora das verdades, principalmente as do espírito, em muito pode contribuir para a restauração do equilíbrio íntimo da criatura humana, fortificando-lhe a fé e motivando-a a enfrentar as dificuldades com determinação e confiança em si e na providência divina. Para tal se faz imprescindível que suas Casas Espíritas – unidades fundamentais de divulgação e vivência da Doutrina – sintonizem sempre com os propósitos doutrinários e primem cada vez mais:

a) por ensejar a todos (crianças, jovens e adultos), de forma simples, clara e objetiva, o conhecimento e a vivência dos mais genuínos postulados e ensinamentos do Espiritismo e do Evangelho de Jesus;

b) por bem acolher e servir aos que as busquem na esperança de socorro, esclarecimento e trabalho na seara do Cristo;

c) pela convivência fraterna e solidária dos seus trabalhadores, numa total ausência de disputa pelo poder ou de qualquer espécie de animosidade que venha a comprometer os objetivos da obra que o Senhor confiou ao Espiritismo;

d) pela simplicidade, asseio e zelo do seu espaço físico;

e) pela responsabilidade, seriedade e coerência doutrinária com que são realizados os intercâmbios com o plano espiritual;

f) por motivar a prática do bem e da reforma íntima. O coração, mais que o intelecto, deve ser nossa prioridade. Um coração puro constitui base segura e sólida para as grandes construções do intelecto no campo do bem, o que, decerto, em muito contribuirá para a superação das carências humanas;

g) por irradiar em seus ensinamentos, palestras públicas e práticas assistenciais a esperança, o otimismo, a solidariedade, a fraternidade, o gosto pela vida, a caridade e a retidão ético-moral;

h) pela expansão da Campanha de Divulgação do Espiritismo.

As constantes mudanças por que vem passando o mundo nos seus diversos setores impõem, a todos os órgãos comprometidos com a manutenção da paz, permanente estado de atualização e vigilância, a fim de que os divinos valores da vida sejam resguardados. Assim sendo, as diretorias das Casas Espíritas devem procurar criar e consolidar ações que favoreçam cada vez mais tal propósito, como por exemplo:

– Reuniões mais freqüentes com os trabalhadores e voluntários da instituição com vista a uma melhor sociabilização e qualidade dos trabalhos (reuniões administrativas) e a integração e harmonização do grupo de servidores da Casa (reuniões de confraternização).

– Vivência permanente da ética e da moral espíritas-cristãs nas relações humanas interpessoais entre trabalhadores, voluntários e freqüentadores da Instituição, incentivando-os a uma conduta mais solidária e fraterna entre si.

– Implantação do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, caso ainda não haja na Instituição, conscientizando seus trabalhadores da importância da sua presença nesse estudo.

– Implementação, presença e apoio aos trabalhos realizados pelos jovens integrantes dos Departamentos de Infância e Juventude e Mocidades Espíritas, pois a condição de futuros dirigentes do Movimento Espírita exige da parte dos atuais responsáveis por esse movimento maior atenção e orientações seguras.

– Seleção e capacitação de colaboradores para o atendimento fraterno e a recepção dos que buscam a Instituição de forma a ser evitado qualquer tipo de dano aos propósitos doutrinários.

– Realização de programas de capacitação de expositores da Doutrina Espírita, buscando sempre que possível o apoio do órgão federativo de unificação do Movimento Espírita, no seu Estado.

– Intensificação das ações voltadas para a divulgação do Espiritismo através de elaboração e entrega de mensagens, folders, cartazes, periódicos, e-mails, etc., realização de eventos abertos ao público, feiras de livros, programas de rádio e televisão e criação de sites de divulgação do Espiritismo e círculo de conversação via Internet.

– Dinamização das reuniões públicas evangélico-doutrinárias através de maior:

a) adequação dos temas às necessidades de harmonização espiritual e existencial dos presentes, que na maioria das vezes para ali se dirigem em busca de paz, esperança, fé e força para enfrentar os embates da vida. Os temas mais complexos – aqueles que requerem mais esforço da mente para o seu entendimento – além de outros pré-requisitos acadêmicos ou doutrinários deverão, preferencialmente, ser desenvolvidos em reuniões de estudo específicas;

b) contextualização dos temas contidos nas obras básicas estudadas, o que muito favorecerá seu entendimento e assimilação. As expressões e palavras de difícil compreensão deverão sempre ser evitadas ou explicadas quanto ao significado;

c) inserção de temas relacionados com a natureza, constituição, característica e vivência no mundo espiritual. O aspecto revelador de uma nova realidade da vida, característico do Espiritismo, impõe uma maior divulgação do assunto;

d) diversificação na metodologia das reuniões, buscando ampliar a interação dos presentes, como por exemplo a adoção de expositores que favoreçam a participação do público através de perguntas sobre o que foi explanado. Desnecessário se faz discorrermos sobre a necessidade da notória segurança doutrinária do expositor em reuniões desse tipo.

Mais do que nunca a Casa Espírita é chamada a vivenciar os ensinamentos e recomendações do Cristo.

Num instante onde o egoísmo, a especulação financeira e o poder econômico vêm causando estragos devastadores no equilíbrio e no modo de vida das pessoas e das nações, que seja a proposta espírita de conduta social nossa resposta aos anseios de paz da Humanidade.

Que sejamos aqueles que, com nosso procedimento íntegro, pautado na ética e na moral espíritas-cristãs, atraiamos os desviados do bem e os carentes de amor para o oásis de felicidade que só uma consciência tranqüila e sintonizada com Deus pode proporcionar.

Os tempos são chegados. As virtudes dos Céus e suas grandes vozes nos convidam a ouvir o cântico dos anjos, em seu divino concerto.

Centro Espírita – Finalidades

Entre as finalidades do Centro Espírita, destacamos as seguintes, conforme Considerandos 4, 5, 6 e 7 de A Adequação do Centro Espírita para o melhor atendimento de suas finalidades (Orientação ao Centro Espírita – FEB/CFN):

  • Para bem atender às suas finalidades, o Centro Espírita deve ser núcleo de estudo, de fraternidade, de oração e de trabalho, com base no Evangelho de Jesus, à luz da Doutrina Espírita.

  • O Centro Espírita deve ser compreendido como a casa de grande família, onde as crianças, os jovens, os adultos e os mais idosos tenham oportunidade de conviver, estudar e trabalhar.

  • O Centro Espírita deve proporcionar aos seus freqüentadores oportunidades de exercitar o seu aprimoramento íntimo pela vivência do Evangelho em seus trabalhos, tais como os de estudo, de orientação, de assistência espiritual e de assistência social.

  • O Centro Espírita deve criar condições para um eficiente atendimento a todos os que o procuram com o propósito de obter orientação, esclarecimento, ajuda ou consolação.

Publicado originalmente na Revista Reformador – FEB – Dezembro, 2002

Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião da Casa Espírita Nova Era.


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