Estudo das Parábolas de Jesus

Ivan Franzolim | 

http://franzolim.blogspot.com.br/

Uma parte importante dos ensinamentos de Jesus, foi constituída por parábolas que significa “comparação” ou ainda “colocar uma coisa de lado de outra”. Cerca de 30% das palavras dos evangelhos sinóticos são de alegorias, ditos parabólicos e parábolas. Embora não fosse novidade o uso desta técnica, a análise leva a crer que ele a usou com mais propriedade e em maior quantidade, comparativamente aos outros livros da bíblia.

Este modo de expor tem sido entendido como uma técnica pedagógica, cujo objetivo é apresentar um raciocínio e uma conclusão, por detrás de uma breve narração, facilitando sua memorização e permitindo que o ensinamento de fundo, possa surgir gradativamente na mente dos ouvintes, até a sua plena compreensão.

Parábolas foram usadas por Jesus como uma forma mais eficaz de ensinar verdades desconhecidas por meio de verdades e fatos conhecidos.

Pode ser considerada também, como uma forma de deixar escondido um ensinamento para aqueles que ainda não apresentam condições de entendimento e, concomitantemente, evitar um certo desgaste a Jesus, gerado no hábito, comum daquela época e povo, de se discutir a obediência das leis mosaicas.

A correta interpretação das parábolas possibilita o fenômeno da sua aplicação universal em todos os tempos, adaptada às situações análogas.

Pesquisas no âmbito da comunicação constataram que o maior obstáculo à compreensão de uma mensagem é a tendência dos homens em pré julgar. Nesse sentido, a parábola possui a grande vantagem de não predispor os ouvintes a censura prévia, facilitando sua assimilação.

Nenhuma parábola está presente nos quatro evangelhos, 5 aparecem em três, 11 em dois e 33 em apenas um evangelho.

A definição de parábola é “narração alegórica na qual o conjunto de elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior ou moral”. De suas características, surge uma força que leva o ouvinte a refletir sua conclusão. Um bom exemplo de parábola do antigo testamento está em II Samuel 12:1-14, conhecida como “o profeta Natan repreende a Davi”.

De maneira geral, a parábola difere da alegoria por ser mais extensa e exigir maior coerência e plausibilidade entre seus elementos. Alegoria é a exposição de um pensamento sob forma figurada (metáfora) ou uma seqüência de metáforas que significam uma coisa nas palavras, outra no sentido. Alguns autores adotam também o termo símile que quer dizer comparação de coisas semelhantes. “Vós sois a luz do mundo” é uma metáfora; “como um cordeiro mudo diante daquele que o tosquia” é um símile. “Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, ficará só, mas se morrer, produzirá muito fruto” [João 12:24] é uma alegoria.

 

Em comparação com as parábolas judaicas, as de Cristo possuem a diferença fundamental de forçarem o ouvinte a tomar uma posição sobre o assunto. Sua estrutura impele as pessoas a refletirem sobre sua conclusão. Existe um aspecto positivo que parece sobressair em relação aos demais. É seu poder de invadir o tempo e as gerações, despertando o mesmo interesse (senão maior), permitindo sempre que os homens possam ampliar, a cada instante, o sentido dos ensinamentos que transmite. Por tudo isso, bom proveito! Escolha uma parábola para ler e boas reflexões.

No Novo Testamento, as cartas de Paulo não apresentam parábolas propriamente ditas, mas narrativas alegóricas ou enigmáticas, como o ladrão à noite e a mulher prestes a dar à luz (I Ts. 5:2), o grão de trigo (I Co. 15:37-38, 42-44); ilustrações agrícolas (I Co. 3:6; Gl. 5:22)’, os crentes como membros do corpo de Cristo (I Co. 12:12; Rm. 12:4).

Apesar de o Antigo Testamento ser mais extenso que o Novo Testamento, ele possui apenas onze parábolas escritas em estilo mais simples e menos estruturado. Isso evidência uma característica e preferência didática nos discursos de Jesus.

Parábolas no Antigo Testamento:

1. Os moabitas e os israelitas. O narrador foi Balaão, no monte Fisga (Neemias 23:24).
2. As árvores que escolheram um rei. Foi contada por Jotão, no monte Gerizim (Juízes 9:7-15).
3. A ovelha e o pobre. Foi narrada pelo profeta Natã, em Jerusalém (II Samuel 12:1-5).
4. O conflito entre irmãos. Uma mulher de Tecoa contou-a em Jerusalém (II Samuel 14:9).
5. O prisioneiro que escapou. Apresentada por um jovem profeta, perto de Samaria (I Reis 20:25-49).
6. O espinheiro e o cedro. O rei Joás a contou, em Jerusalém (II Reis 14:9).
7. A videira que deu uvas bravas. Isaías contou essa parábola, em Jerusalém (Isaías 5:1-7).
8. As águias e a vinha (Ezequiel 17:3-10).
9. Os filhotes de leão (Ezequiel 19:2-9).
10. O caldeirão fervente (Ezequiel 24:3-5).
11.  Israel como  o vinha perto  da  água (Ezequiel 24:10-14).

As 48 parábolas de Jesus
Parábolas
Lucas
Mateus
Marcos
João
1
Vinho novo em odres novos
5:36-39
9:16-17
2:21-22
2
A casa sobre a rocha
6:47-49
7:24-27
3
A geração de hoje
  7:31-35
11:16-19
4
O semeador
  8:  4-  8
13:  3-  9
  4:  3-  9
5
O espírito impuro volta à casa
11:24-26
12:43-45
6
O ladrão
12:39-40
24:43-44
7
O criado fiel e prudente
12:41-48
24:45-51
8
Diante do juiz
12:58-59
  5:25-26
9
O grão de mostarda
13:18-19
13:31-32
  4:30-32
10
O fermento
13:20-21
13:33
11
Banquete para os pobres
14:15-24
22:  2-14
12
A ovelha desgarrada
15:  1-  7
18:12-14
13
Dez moedas ou Cem Dracmas (talentos)
19:11-27
25:14-30
14
Os maus vinhateiros
20:  9-18
21:33-46
12:  1-12
15
A figueira que secou
21:29-31
24:32-33
13:28-29
16
A semente que brota da terra
  4:26-29
17
O porteiro vigilante
13:33-37
18
O joio entre o trigo
13:24-30
19
O tesouro escondido
13:44
20
A pérola preciosa
13:45-46
21
A rede
13:47-50
22
Coisas novas e velhas
13:52-53
23
O devedor implacável
18:23-35
24
Os trabalhadores da vinha
20:  1-16
25
Os dois filhos
21:28-32
26
As dez virgens
25:  1-13
27
O juízo final
25:31-46
28
Os dois devedores
  7:41-43
29
O bom samaritano
10:29-37
30
O amigo que chega de viagem
11:  5-  8
31
O rico sem juízo
12:16-21
32
O retorno do senhor
12:35-28
33
A figueira estéril
13:  6-  9
34
A porta estreita
13:24-30
35
A escolha dos lugares
14:  8-11
36
A escolha dos convidados
14:12-14
37
A edificação da torre
14:28-30
38
que vai guerrear
14:31-33
39
A moeda perdida (dracma)
15:  8-10
40
O filho pródigo
15:11-32
41
O administrador infiel
16:  1-  8
42
O rico avarento e Lázaro
16:19-31
43
O dever dos criados
17:  7-10
44
A viúva e o  juiz
18:  1-  8
45
O fariseu e o publicano
18:  9-14
46
As dez minas
19:11-27
47
O bom pastor
10:  1-16
48
A videira e os ramos
15:  1- 10
TOTAIS
34
25
7
2

 

Existem alegorias (metáforas curtas) que podem ser confundidas com parábolas, como: Mateus 9:15-17.

 

Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião da Casa Espírita Nova Era.


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