O Fanatismo, por Djalma Argollo
Algo contra o qual devemos nos precaver é o fanatismo. Fanático é uma pessoa que somente enxerga a vida de uma única maneira, e exclui todas as outras. Ele pensa, sente e age dentro de um círculo exclusivo e exclusivista. Tudo o que concorda com sua maneira de ver e sentir é certo, tudo mais não presta. Ele é o dono exclusivo da verdade.
O fanático é inquisidor, intolerante e capaz dos mais baixos e cruéis atos contra quem tem a ousadia de divergir dele. Por isso o fanático tem um viés sociopata e, se a situação social torna-se favorável, ele integra o bando dos verdugos, torturadores, acusadores, delatores e espiões. A História está cheia de exemplos do que os fanáticos podem fazer, e fazem, quando podem.
O fanatismo é uma grave psicopatia. É a unilateralidade absoluta da psiquê, e requer tratamento psiquiátrico, concomitante com o psicológico. O problema é que ele, como muitos doentes mentais, não admite sua doença e recusa tratamento. O fanático vive escondido atrás de um biombo ideológico para se proteger. Ele tem medo de abrir a mente e descobrir que está errado. Esta idéia o deixa em pânico, portanto se agarra ferreamente a seus conceitos, agarrando-se desesperadamente ao círculo fechado dos que pensam e sentem como ele. Somente assim se sente em segurança.
O fanático é como aquela mãe que assistia ao desfile do exército na parada de sete de setembro, olhando orgulhosa o filho que, fardado, desfilava com a tropa. O rapaz está com o passo diferente de todos os demais. Ela, então, virando-se para alguém que está ao lado, diz com satisfação: “Aquele é meu filho! Observe, é o único que está marchando com o passo certo!”. O fanático distorce a realidade, sofisma e mente, procurando transformar o falso em verdadeiro, a qualquer custo.
Para evitar o fanatismo devemos sempre pensar que não existe “verdade absoluta”. Toda verdade tem limites. Admitir isso abre-nos a mente para outros conceitos e possibilidades, evitando a estagnação das ideias. Will Durant, no seu “Filosofia da Vida”, escreve o seguinte: “A filosofia começa quando aprendemos a duvidar de nossas crenças , principalmente as que nos são mais queridas”.
Sendo capazes de entender que toda verdade é relativa, evitamos o fanatismo, por termos a humildade de admitir e existência de outras verdades, tão importantes quanto aquela na qual acreditamos.
E, finalmente, nunca discuta com um fanático, é perda de tempo. Tenha compaixão dele, é um doente que se acha o único saudável, no mundo.
Djalma Argollo (*)