Benevolência: As sementes lançadas nos outros germinarão em nós
Maria Teresinha Rocha
Mas o que é o amor? Amor é a força maior que rege o universo. A lei Divina é a de Amor. É o maior de Deus para com as criaturas, de todo o Universo em favor da criatura, estamos envolvidos em luzes. Somos crianças pequenas, tolas, veladas pelo amor universal. E temos que desenvolver o amor em nosso interior para falarmos a mesma linguagem do Universo e nos projetarmos em dimensões luminosas; já, no agora!
Como Mário Quintana: \”Cada um escolhe a dimensão que lhe é própria, uns caminham nas luzes e outros nas sombras. Amor é a Luz que permite a ligação com as luzes.\”
E a felicidade?
É maturidade. E a felicidade não está em nada exterior. Os cientistas dizem que a felicidade é um gene; e que nós o desenvolvemos através dos séculos. Estão, é uma luz interior, uma força, uma alegria que, às vezes, nem tem motivo. Vemos nossos pais passarem dificuldades e nas horas mais difíceis estavam sérios, mas logo depois felizes. E não só pelo exemplo, pela tendência e seu desenvolvimento, graças a Deus eu tenho o gene da felicidade dentro de mim. Alegria de existir, de saber que uma luz, Deus Arquiteto do Universo, vela por nós e diga: nosso destino é luz, queiramos ou não. Isso nos torna felizes.
A Doutrina Espírita bem compreendida, desenvolve o gene da felicidade.
Como diferenciar caridade de assistencialismo?
O assistencialismo é dar. Dar esmola, cestas básicas e não fazer o indivíduo se libertar. A caridade liberta o indivíduo. Cuida de escolas profissionalizantes, de conscientização de suas possibilidades.
Um ato de caridade: Oliver Sack entra em contato com uma senhora cega de 60 anos. Verifica que ela pode usar as mãos – o que ela não faz por falta de hábito, a família não a deixava usar as mãos – ele dificulta a alimentação dessa senhora. Ele dá uma sopa a tarde e durante o dia ela tem que conseguir o alimento. Depois de três dias, essa senhora usa as mãos e leva a bolacha a boca; a partir daí ela aprende a tomar banho, se vestir, despir, dispensando um grupo de empregadas. No fim, começa a esculpir e torna-se escultora. Caridade é isso. Liberta.
Como ajudar
Explicar as modalidades, que são inúmeras, de ajudar, não é tarefa fácil, porque os principais meios de ser útil às criaturas se encontram dentro de nós mesmos, e os abrimos pela renúncia, disciplina e auto-educação. São meios que pouco interessam àqueles que não desejam ajudar.
O meio mais empregado para auxiliar ao próximo é palavra esquecida do exemplo, pela escrita indicada aos outros, ou então, por dádivas materiais. Mas na verdade, a melhor maneira de socorrer aos nossos semelhantes é pela vida que levamos, pelos nossos pensamentos elevados, pelas nossas palavras sérias.
A partir daí poderá vir o coadjuvante da palavra, da escrita e mesmo das coisas materiais.
Tudo serve para acudir os necessitados, desde que cada coisa seja operada em seu lugar. Não é tão difícil tirar uma carteira do bolso e passar para o irmão em dificuldades uma nota, seja qual for o seu valor; mais difícil é abrir o nosso coração para o amor, para que ele mude os nossos pensamentos e harmonizem nossos sentimentos espirituais, nos transformando a ponto de sabermos ajudar, pelo esforço que desenvolvemos na busca do conhecimento de nós mesmos livrando-nos das paixões inferiores; mais difícil é inocular em cada pessoa que caminha conosco, vibrações de ânimo diante do esmorecimento, de coragem nas dificuldades e de fé nos momentos de amargura.
Podemos ser um facho de luz que ilumina os caminhos que desconhecem as claridades.
Se as doações, em termos materiais, livrassem as criaturas sofredoras de todo o mal que as assolam, não existiriam problemas no mundo, onde vemos as sociedades mais desenvolvidas passarem por misérias morais sem precedentes, promovendo deturpações dos valores do coração, entregando ao raciocínio a direção que não lhe compete dirigir. Para esses povos existe um remédio bastante amargo e difícil para eles, que se chama Evangelho, vivido e trabalhando na intimidade das almas.
Buscando socorrer as pessoas é que Jesus enviou a Doutrina dos Espíritos, e não dos homens, que estão envolvidos nas paixões inferiores, e adormecidos no berço convidativo do interesse próprio.
Egoísmo e orgulho, doenças que somente se curam com a presença do amor, que se divide em variadas luzes da educação e da instrução espiritual.
É preciso ajudar, no entanto, é de bom alvitre que se compreenda a verdadeira modalidade de servir com Jesus. Não é preciso carregar o companheiro nos ombros, mas ensinar-lhe a caminhar com os próprios pés.
Somos, quando encontramos alguém colhemos frutos saborosos, impulsionados a ajudar a saborear, mas por que não plantamos também?
Os caminhos do bem são tortuosos, todavia, os resultados são bons. Procurar a vida feliz na Terra da maneira com que são procurados os meios. É envelhecer cada vez mais no mal.
Para ser feliz é necessário trabalhar em si mesmo, cortando arestas e aprimorando meios de vida, para que a vida de Jesus se saliente no coração de quem serve de instrumento, acendendo o sol no seu próprio coração.
Ajudemos a nós mesmos sem egoísmo, amparemos nossos pensamentos sem orgulho que, dentro destes esforços, aparecerão em nossos passos outros passos invisíveis, a nos ajudar nas intenções enobrecidas que o amor ativou em nosso coração. Não percamos as oportunidades de servir, mas compreendamos como ajudar melhor.
Às vezes, ser útil a uma criatura nos moldes que o Cristo ensina, pode não agradar a todos, mas agrada a Deus.
Fujamos das facilidades, que são ilusórias em todas as marchas.
Favoreçamos os nossos companheiros em caminho, mas, com coisas reais: aos que estendem a mão, ajudemos a pensar melhor, antes de repassar-lhes a dádiva que o coração indicar; se nos assomar uma vontade de falar do governo, ao encontrar alguém que dele fala, fechemos a boca e oremos por ele, pois quem sabe não estamos cooperando nos desgovernos?
O roubo pode ser feito em várias dimensões, assim a violência, a discórdia, a desonestidade, a preguiça.
Pensemos nisto, que veremos como é fácil ajudar a todos sem distinção.
Quando alguém nos ferir, vejamos se não estamos em sintonia com o que ele disse, e oremos também por ele.
Sejamos sempre doadores do bem por onde andarmos, que a manifestação do amor em nós é sempre somente de luz em nosso favor.
Quando conversamos com alguém que de nós se aproxima, mesmo que não comunguemos com o mesmo modo de pensar, não importa a crença, importa sim em ser nosso irmão.
Mentalmente, assopremos energias superiores em todo seu ser, com amor, porque somente o amor tem a capacidade de aliviar e mesmo de confortar quem sofre e dar alento às criaturas.
O amor puro é harmonia, e isso basta para converter a guerra em paz.
Necessário é que nos conscientizemos de que a palavra bem formulada, ao sair dos nossos lábios, carrega consigo grande força magnética, atingindo o endereço que dermos pela mente.
É, pois, o melhor remédio que conhecemos.
Se em todas as universidades, os mestres compreendessem o valor da palavra, todos os cursos tomariam e alcançariam novos horizontes de vida, gerando mais vida.
A palavra, nos cursos do Evangelho do Mestre, é meio caminho percorrido em todas as profissões, seja no comércio, na arte, na medicina, no direito, na psicologia, na engenharia, na polícia, em todos os aprendizados.
Desordenada, a palavra fere, cria guerras, desencaminha povos e acende o fogo da devastação em muitas sociedades; a língua em desequilíbrio é uma arma poderosa que destrói.
No entanto, quando é ordenada no amor, tudo faz para acordar os valores na intimidade dos seres; até mesmo os animais reconhecem esses valores imortais nas criaturas de Deus.
Os animais e as plantas absorvem as energias que desprendemos do verbo e da mente; são horizontes de vida, nos mostrando como podemos ser úteis sem usar do saldo que ganhamos com o suor do próprio rosto. As plantações em decadência em muitos países são geralmente aniquiladas pelas forças mentais negativas que percorrem o planeta, saídas das cabeças invigilantes; assim as calamidades, assim as doenças.
Nesta linha, observamos o restante:
Por que chorar,
Quando podemos sorrir?
Por que odiar,
Quando podemos amar?
Por que violar,
Quando podemos perdoar?
Porque a ganância,
Quando podemos doar?
Por que o egoísmo,
Quando podemos desprender?
Por que o orgulho,
Quando podemos nos envolver na humildade?
A inteligência em Cristo nos informa que, seguindo as leis naturais, encontraremos a luz da felicidade. Aproveitemo-las logo, que as sementes lançadas nos outros germinarão em nós, com os proventos de fé, onde mora a esperança.
05.2005