Dia da Cultura e da Ciência

Marcelo Henrique

No Brasil, desde 15 de maio de 1970, convenciona-se celebrar em 5 de novembro o “Dia Nacional da Cultura e da Ciência”, em referência à memória de um dos mais ilustres brasileiros de todos os tempos, Rui Barbosa, pioneiro defensor da cidadania e dos direitos humanos, juiz da Corte Internacional de Haia e, entre outras coisas, o idealizador do sistema de Controle Externo dos atos da Administração Pública em nosso país, sugerindo a criação dos Tribunais de Contas. No texto da lei (n. 5.579) pode-se encontrar a menção ao objetivo do reconhecimento desta data, anualmente, como “homenagem a data natalícia de figuras exponenciais das letras e das ciências, no Brasil e no mundo”, exorbitando, assim, o contexto pátrio para celebrar a cultura e a ciência existentes e/ou desenvolvidas em todo o planeta. A intenção do legislador com a definição e a celebração, ano a ano, desta data, é a de estimular a produção de conhecimento científico e expressões culturais em todo o país.

Cultura significa cultivar, e vem do latim colere. Ela corresponde a tudo o que acumulamos, enquanto Humanidade, a partir das vivências individuais e coletivas em todos os tempos e que se transmitem de geração a geração, como vera e legítima herança. As linguagens, técnicas, valores, gostos e até a religiosidade (fé) de um povo, e tudo o que se refere aos comportamentos e práticas de pessoas e grupos sociais. A cultura é rica e dinâmica porque permite, a cada instante, novas incorporações, novas simbologias, novas vivências, tanto pela introdução de caracteres até então inexistentes quanto pela modificação dos que já eram realidade. Não há qualquer necessidade de comparação entre itens ou culturas. Do contrário, elas convivem pacificamente umas com as outras, sem obrigação de predominância de umas sobre outras. Podemos dizer que neste cenário, o cultural, é possível vivenciar e comprovar o verdadeiro pluralismo e as sonhadas democracia e liberdade.

São as ideias, comportamentos, símbolos e práticas sociais. Pela cultura se chega à identidade das pessoas e dos povos, em razão das formas de expressão e das distintas maneiras de entender e ser, no mundo, suas vivências e convivências. Ela está diretamente associada a tudo aquilo que o homem, no exercício de sua racionalidade – mais precisamente, inteligência – consegue executar.

Ciência, do latim scientia, significa conhecimento ou saber. Está diretamente associada à investigação, estudo e descoberta de novos conhecimentos. De modo geral, a ciência se refere a todo o conhecimento adquirido através do estudo ou da prática, baseado em princípios considerados como certos em dado instante da marcha evolutiva da Humanidade, mas que podem ser (e são) superados e modificados, a partir de novas experimentações e teorias dela derivadas, em momentos supervenientes.
A Ciência, como a Cultura, são dinâmicas e em constante transformação, permitindo releituras e ressignificações a partir do raciocínio aplicado.

A preocupação dos povos com a cultura e a ciência levou à idealização e atuação da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que atua globalmente para contribuir com a paz e a segurança no mundo por meio de pesquisas e iniciativas nas áreas de ciência e tecnologia, programas de proteção de patrimônios culturais e naturais, promoção de livros e de leitura. Um de seus objetivos prioritários é atuar para diminuir e erradicar, um dia, o analfabetismo no mundo.
No segmento espírita, devemos atentar para algumas premissas:

1) Tudo o que se produz, em termos de conhecimento, a partir do intercâmbio com os Espíritos e por meio do raciocínio e dos produtos literários dos espíritas consiste no patrimônio cultural espírita;

2) A adoção de metodologia específica para a pesquisa e a experimentação prática espiritista são fundamentais para a formação do conhecimento e sua transmissão a todos os interessados, por todos os meios possíveis;

3) A preservação da memória espírita, compreendendo os acontecimentos, documentos e relatos de épocas passadas, assim como a biografia e bibliografia de todos aqueles que pensaram o Espiritismo, é obrigação de todos aqueles que se interessam pela Doutrina dos Espíritos;

4) O incentivo à formação de grupos de pesquisa científica espírita e o apoio às iniciativas individuais e coletivas dos pesquisadores é fundamental para a continuidade e a progressividade dos conceitos espiritistas.
Celebrar a cultura e a ciência é um convite ao questionamento sobre nossas práticas e sobre a defesa da cultura enquanto patrimônio coletivo, desde os cenários mais próximos de nós até a Humanidade como um todo e acerca da valorização da produção científica como caminho de superação das dificuldades existenciais de pessoas e sociedades, a partir da revolução que o conhecimento provoca.

É justamente por isso que a Federação Espírita Catarinense, atenta a estes fundamentais pilares do conhecimento (cultura e ciência) concebeu a existência de uma vice-presidência para fomentar as ações realizadas no âmbito destes dois segmentos, aproximando-os entre si e disseminando, nos espíritas catarinenses, o gosto pelo estudo, pela prática e pela preservação dos acervos existentes e os que sejam compostos no curso do tempo.

Viva a Cultura! Viva a Ciência!

{{texto::pagina=1009}}

Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião da Casa Espírita Nova Era.


Continue no Canal
+ Marcelo Henrique