Dons Espirituais

Cláudio Fajardo


Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes. (I Coríntios, 12: 1)

Dons espirituais é o mesmo que dons do Espírito, isto é, qualidade natural deste.

O apóstolo dos gentios foi sem dúvida o maior divulgador das verdades contidas na Boa Nova deixada por Jesus, sendo que historiadores modernos afirmam que sem ele não haveria cristianismo.

Por ser sabedor da necessidade de todos os discípulos do Senhor, de todas as eras, deixar de lado a ignorância, ele assim inicia o décimo segundo capítulo desta importantíssima epístola:

Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.

A ignorância é um dos sentimentos que mais prejudicam o Espírito em sua caminhada evolucional, poderíamos dizer que ela é, sem dúvida nenhuma, o germe de todas as imperfeições. Se no princípio da condição humana ela é natural, como nos afirmam os Espíritos superiores na questão 115 de O Livro dos Espíritos, com o desenvolver das possibilidades da criatura ela se torna entrave ao crescimento de todas possibilidades humanas.

O Espírito foi criado por Deus de Sua própria Substância, o que o fez imortal e o propulsiona sempre à evolução. Deste modo podemos dizer que Deus deixou Sua marca impressa na criatura, ou que permaneceu nela através da consciência que situa em sua profundidade. É a Imanência Divina.

Se tivesse plena consciência deste fato o Espírito erraria muito menos realizando sua evolução sem passar pela fieira do mal como nos alertam as Entidades Redatoras da Doutrina Espírita.1

Ela, a ignorância, é a conselheira do orgulho, este algoz que escraviza o Ser nas armadilhas do personalismo, pois o orgulhoso nada mais é do que alguém que julgando-se superior e sábio fecha as portas para o recebimento de novas revelações, o que o libertaria da imperfeições com uma dose maior de conforto e segurança.

Se desejarmos seguir nossa caminhada rumo à perfeição como menores contrariedades e sujeitos a menos dores, estejamos atentos ao que diz o apóstolo:

Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.

No que diz respeito às possibilidades mediúnicas que todos possuímos a afirmativa do filho de Tarso é também de grande valia. Muitos são os espíritas que adentram as portas das Casas Espíritas já desejando ingressar no serviço mediúnico como se, simplesmente este anseio bastasse para a realização de um bom trabalho em favor dos semelhantes dos dois planos da vida.

Para que possamos ser médiuns dentro da concepção kardequiana é preciso estudo, e muito estudo, além das conquistas morais que distinguem os postulantes ao serviço cristão.

As reuniões de estudo são, além disso, de imensa utilidade para os médiuns de manifestações inteligentes, para aqueles, sobretudo, que seriamente desejam aperfeiçoar-se e que a elas não comparecerem dominados por tola presunção de infalibilidade.2

Assim, o iluminado codificador resume, concordando com Paulo, a nossa necessidade de cada vez mais aprendermos para melhor servirmos distanciados do orgulho, da presunção ou de qualquer sentimento inferior que nos afaste do objetivo pleno de sermos úteis em qualquer tarefa a realizar.

1 O Livro dos Espíritos, questão 120.

2 O Livro dos Médiuns item 329
 

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Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião da Casa Espírita Nova Era.


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