Obsessor, amigo ou inimigo?
Por Elizete Schazmann
Neste artigo falaremos exclusivamente da obsessão praticada por desencarnados sobre encarnados, embora haja outras formas de obsessão, o assunto é amplo e delicado e exige segmentação para podermos melhor entende-lo.
Ao nos questionarmos se o obsessor é amigo ou inimigo, revela em nós uma tendência da humanidade em classificar as coisas em dois pólos, ou somos bons ou ruins. Essa nossa dificuldade em relativizar as coisas gera a fantasia, misticismo e às vezes à supervalorização dos problemas ou à sua minimização.
O dramaturgo inglês, William Shakespear, dizia que existem mais coisas entre o céu e a terra do que crê a nossa vã filosofia. Parafraseando Shakespear, podemos dizer que existem mais coisas entre o bem e o mal, entre um amigo e um inimigo do que crê a nossa vã filosofia. Para entender o processo obsessivo é preciso ir além do bem e do mal, olhar para si e não apenas para o desencarnado e deixar de lado a idéia de que o encarnado é vítima do processo e encará-lo como agente de mudanças efetivas.
Os maiores inimigos não são os obsessores, pois eles têm acesso a nós pelo nosso lado obscuro, por aquilo que de negativo cultivamos em nossas mentes, se são eles os seres a nos atormentar e por isso são também atormentados, somos nós aqueles que tem a oportunidade transformadora da reencarnação e é este o principal ponto que nos diferencia, a possibilidade da ação que nos cabe. Por isso é preciso encarar com maturidade a questão obsessiva, superando o pensamento místico e equivocado de um tormento e construir uma visão libertadora.
Mas por onde começar essa visão libertadora? Como reverter esse processo?
Além do auxilio religioso e , muitas vezes o uso de medicamentos, é fundamental lembrar que tudo sempre começa e recomeça no nosso pensamento e é ele a ponte que dá acesso aos nossos ideais, aos nossos sonhos, que são representações dos projetos muitas vezes assumidos no planejamento de nossas reencarnações e que representam um diretriz, um norte que nos indica para onde caminhar A retomada desses sonhos e a atitude concreta na transformação deles em realidade, ainda que mais modestos que os idealizado, trará alívio para os corações opressos daqueles que sofrem nos dois lados da vida e se interrelacionada num processo doentio. Para isso é fundamental viver o presente com intensidade, sem deixar que as sombras do passado ou os temores do futuro o comprometam, pois é o presente o único espaço de manobra de que dispomos para reparar o passado e construir um futuro melhor.
Como todo o remédio, o mergulho no escafandro da carne, a reencarnação tem efeitos colaterais, embora forneça a vantagem de sedar em parte a consciência culpada, torna-se freio de nossas habilidade que serão postas em prática na medida em que crescermos moralmente e nos libertarmos dos entraves que nos impomos contrariando às leis naturais. Por outro lado, o obsessor desencarnado tem a visão de passado e futuro mais ampliadas e a consciência precisa a lhe apontar seus sentimentos, desfrutando de menor alívio da dor, quando se nega a ceder ao bálsamo do amor e à terapia dos benfeitores que aguardam o seu retorno ao caminho do pai.
Por mais paradoxal que pareça, todos aqueles que transitam na obscuridão merecem nosso carinho, respeito e amor, pois são criaturas de deus em desequilíbrio temporário que, nós encarnados temos a oportunidade de libertar.
E o amor tem três funções sobre o encarnado e o desencarnado:
1o ) De profilaxia, de prevenção do adoecimento da alma;
2o ) Evita o agravamento de quadros doentios já existentes;
3o ) Encaminha a libertação, a cura do processo doentio já estabelecido em dois planos.
Diante disso, não cabe aqui julgar nem rotular aqueles que cobram de nós dissabores de ontem, pois ainda não nos é permitido saber todo nosso passado e se já não fomos autores de algo semelhante ou pior quando habitamos a pátria espiritual. Muitos se questionam sobre os acontecimentos de vidas passadas e atribuem certos dissabores do presentes à encarnações culposas, mas quase ninguém se questiona sobre o que fizemos entre as nossas encarnações.
Em resumo, é preciso que libertemo-nos de nosso inferno pessoal, pois estamos aqui para isso, em nome da consideração pelo outro e deixemos de ver nele um intruso inconveniente em nossas vidas e passemos a entender que ele talvez, mais do que nós, precisa de ajuda e que essa ajuda começa pela mudança de atitude de quem desfruta da oportunidade da reencarnação. Classificar o obsessor como amigo ou inimigo é um questão de ponto de vista, de atitude pessoal.
14.02.2005