Ser mulher e espírita
Texto Coletivo ECK
Mulher,
Quando Deus te desenhou ele estava namorando, na beira do mar do amor!
(Armandinho)
Sou um espírito imortal que nesta encarnação veio no corpo de uma mulher.
Mas, há os que dizem que a mulher é bicho frágil. “Mas que mentira absurda”, musicou Erasmo.
Eu que nasci num corpo feminino sei que a força está conosco. Mulheres aprendem desde seu nascimento a lidar com situações que muitos homens sequer imaginam, e que para nós são tão corriqueiras que muitas vezes não percebemos o quanto fazemos.
Somos tão capacitadas que coube a nós lutar pelos direitos de sermos iguais nos direitos e deveres.
Confiamos nos nossos instintos, acreditamos na intuição, usamos a empatia como guia e ainda que nem sempre seja possível, nos esforçamos para que o julgamento ceda espaço ao respeito e ao acolhimento de quem quer que seja porque o coração é nosso guia e impera sobre a razão.
Estamos vivenciando um momento bastante promissor por conta dos avanços muito acentuados das tecnologias, que trouxe junto a globalização unindo e dando voz.
E o que nos mostra o Espiritismo?
Já de partida, a Doutrina dos Espíritos tem um posicionamento claro ao afirmar que somos todos iguais…
O Espiritismo é, assim, uma doutrina que, desde sua origem, estava adiante do seu tempo, ao proclamar que espíritos não tem sexo, e, portanto a desigualdade de tratamento entre os sexos constitui uma injustiça, que não existe em mundos mais avançados moralmente.
Kardec, o homem, tinha atitudes muito à frente de seu tempo. E, por isso, foi desde o início apoiado por sua mulher, Amélie, e também por outras mulheres, desde o princípio de seus estudos, até o momento de seu desencarne.
Ser espírita nos traz uma visão que transcende o mundo material e permite ampliar os entendimentos inerentes ao mundo em que vivemos.
É olhar para as lutas do passado com gratidão pelas conquistas e lutar no presente pelo que consideramos justo, uma vez que desejamos um futuro melhor.
Infelizmente, o Espiritismo no Brasil, com a imensa influência católica e conservadora, retrocedeu em muitos pontos, algo que temos conseguido reverter nós últimos anos.
Mas o Espiritismo continua a nos proporcionar novos horizontes. Porque ser espírita – e ser mulher espírita – não é seguir uma lista prescritiva de condutas e nem uma etiqueta a ser perseguida como chancela de moralidade. Mas, sim, a percepção da realidade do mundo a partir da perspectiva dos princípios espíritas, que nos proporcionam a compreensão estrutural dos fenômenos humano-espirituais, sobretudo aqueles que se acham constituídos nesta existência terrena.
Assim, diante da ampla possibilidade de gêneros que orientam as relações sociais afeto-intelectivas, ser mulher espírita nos dias atuais, o que seria?
A partir do princípio da pluralidade das existências é priorizar na vivência atual o gênero mulher, buscando o progresso da alma pela transformação individual intelecto-moral, a constituir e ampliar o repertório coletivo que privilegie o respeito pelas diversidades e a equidade nas relações sociais.
Cada mulher espírita, então, com o conhecimento que a Doutrina propicia, passa a ter mais coragem, Cada mulher, então, tem a certeza que é única, como individualidade espiritual, com uma tarefa pessoal: o muito a fazer, a dizer e a amar!
(Texto escrito por Claudia Jeronimo, Júlia Schultz, Katia Pelli, Luciana Dornbusch Lopes e Valeria Terena Dias).
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O Dia Internacional da Mulher (8 de março) remonta a um incêndio ocorrido em 1911, num fábrica nos Estados Unidos, o que revelou a condição degradante a que eram submetidas as mulheres trabalhadoras. Depois, em 1917, à marcha das mulheres russas por pão e paz. Oficializada pela Organização das Nações Unidas (1977), a data passou a ser um símbolo pela luta da verdadeira isonomia entre homens e mulheres nas relações sociais e pelo respeito aos direitos individuais, que são de mulheres e de homens.
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