Transforme a biblioteca em Centro de Conhecimento
Ivan Franzolim | Qualquer saber deve ser compartilhado e enriquecido para aumentar sua utilidade.
A gestão do conhecimento, passa a valorizar o saber individual e o coletivo como o capital intelectual das organizações. O avanço da tecnologia facilita a produção de conteúdo e proporcionado uma interação jamais vista na história. Por isso, se torna oportuno proceder algumas mudanças no Centro Espírita para colher os benefícios que esse momento propicia.
As bibliotecas dos Centros Espíritas, por uma razão ou por outra, mais se assemelham a depósitos de livros usados. Reconhecendo a existência de exceções, elas costumam ser um lugar apagado, sem vida, para o qual não se faz nenhum esforço para evidenciar sua importância e torná-lo mais agradável, mais interessante de modo a aumentar seus usuários, dar maior dinamismo às suas atividades e contribuir para resultados melhores.
Em decorrência dessa atitude, muitas bibliotecas estão subutilizadas, outras fechadas e quem percorre os sebos, que vendem livros usados, verifica muitos livros com o carimbo de uma biblioteca espírita extinta.
A biblioteca espírita cumpre ou deveria cumprir objetivos estratégicos de comunicação do conhecimento espírita para o público interno. Faz parte de uma série de ações e atividades voltadas a facilitar o acesso e a compreensão das ideias espíritas. Deve ser encarada como uma parte importante que viabiliza uma construção maior.
A gestão do saber oferece a grande oportunidade, dinâmica, bastante ampla e com resultados otimizados de transformar a biblioteca em Centro de Conhecimento, mais apropriado para as organizações que realmente desejam aprender, motivar a produção de conhecimento e facilitar o aprendizado.
Não se trata de mera retórica, ou simples mudança de rótulo. Trata-se de considerar cada participante da organização, qualquer que seja sua atuação, como uma fonte de saber individual e uma parcela significativa do saber coletivo da própria organização, ajudando a formar sua história e sua cultura. Mais do que isso, trata-se de incentivar e criar motivações renovadas para a contribuição efetiva e periódica de todos os colaboradores que compõem sua força de trabalho.
O conhecimento compartilhado abrangeria o empírico, científico, filosófico e espiritualista. Também pode ser dividido em explícito, tácito e implícito.
O conhecimento explícito é fácil de consultar, pois, está registrado em livros e documentos. O conhecimento tácito está relacionado à experiência de cada pessoa que sabe que possui, mas tem dificuldade de transmitir. O conhecimento implícito é aquele subentendido, não expresso formalmente, que foi adquirido inconscientemente, de forma natural e a pessoa pode nem se dar conta que possui.
No Centro de Conhecimento os livros também estão lá, bem como todas as outras mídias de dados, imagens, áudio e vídeos, os jornais, boletins e revistas, mas também os relatórios de gerenciamento, os estudos individuais e de grupos, os resumos de palestras, apresentações visuais, fotos, ilustrações, biografias, depoimentos, entrevistas, reportagens, levantamentos, pesquisas, teses, dissertações acadêmicas, artigos de opinião e científicos, matérias jornalísticas sobre congressos, poesias, e todo material que contenha informações de interesse para a organização e a doutrina.
Todos que participam de algum modo no Centro Espírita são convidados e estimulados a deixarem sua contribuição no Centro de Conhecimento. Seja uma bibliografia, um clipping de notícias, um release, uma resenha de livro, anotações de uma palestra, estatística, reclamação, sugestão, desenhos feitos pelas crianças durante as aulas e tantas outras produções artísticas e intelectuais. Tudo é informação. Tudo contribui para o conhecimento individual e coletivo.
Esse amplo material deve ser bem indexado por várias chaves de acesso e o suporte do computador, facilitando e agilizando sua busca. Campanhas devem ser feitas periodicamente para incentivar as contribuições do saber individual e as consultas às bases de dados visando à produção de novos saberes.
Aumentando a receptividade, a organização pode criar uma sala de leitura e estudo, posições para áudio e vídeo, criar grupos de discussão na Internet.
O desafio maior será criar uma maneira de filtrar as ideias mal estruturadas e até equivocadas, sem se constituir em uma ação apenas de censura, mas de conscientização e aprendizado. Não podemos recusar o desenvolvimento das pessoas e suas aptidões pelo risco de haver produções conflitantes.
Com o Centro de Conhecimento, talentos são despertos, as pessoas são valorizadas e tendem a ficarem mais compromissadas com a instituição, com a própria doutrina e a se dedicarem mais à reflexão, ao estudo, à troca de informações e ideias. Aprendem a compreender mais a fundo o espiritismo, cujo acervo doutrinário não está acabado, precisando da contribuição das pessoas para ampliar o seu entendimento. Todos deveriam ter a oportunidade de cooperar.